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Trabalho e luta

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 - SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRANSLATOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - Primeiro de maio: dia do trabalhador. Uma comemoração da luta dos trabalhadores contra aqueles que exploram seu trabalho e em nome de condições dignas de trabalho; o episódio que marcou a data ocorreu em Chicago, no ano de 1886, no contexto fabril; ainda assim é bom lembrar que a razão deste feriado internacional diz respeito à luta de todos os trabalhadores, especialmente - hoje em dia - aqueles aprisionados na uberização do trabalho. Portanto, pensando rapidamente, poder-se-ia dizer que a data celebra a luta mais que o trabalho. Mas é preciso se debruçar cuidadosamente sobre o assunto para adotar uma posição mais segura a respeito do que esta data significa: escolhi três importantes nomes, dois contemporâneos aos episódios de 1886 e um outro que morreu três anos antes, para tentar demonstrar ao leitor que trabalho e luta são indissociáveis. O que mor...

A polissemia das máscaras

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  - SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRANSLATOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - Fim de semana de Carnaval em abril. Aproveito a ocasião para, então, escrever o que eu teria escrito na ocasião do Carnaval e que ficou para segundo plano por conta do início da guerra da Rússia contra a Ucrânia. A guerra continua, é verdade, mas dessa vez não deixarei de falar das máscaras. As máscaras não são exclusivas do Carnaval, mas nessa época do ano elas se tornam um interessante símbolo dessa festa. O sentido mais corriqueiro que se dá para o uso das máscaras, e parece ser aquele presente no Carnaval de Veneza e nos bailes de máscaras barrocos, é o seguinte: as pessoas vestem máscaras para se manterem no anonimato e, assim, poderem se sentir livres para dizer, fazer e atuar o que não se sentiriam encorajados a fazer caso todos soubessem quem elas são. É o sentimento semelhante de quem resolve, numa viagem para um destino em que não conhece n...

O trauma da morte do Pai e do Filho

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   - SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRANSLATOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - Fim de semana atribulado...texto atrasado. Acontecerá outras vezes... Na semana passada dei minha primeira aula no Programa de Pós-Graduação em Psicanálise e Políticas P úblicas da UERJ (PPPP-UERJ), no Mestrado Profissional. Naquela aula surgiu uma discussão a respeito da experiência do supereu como um ataque sádico sobre o eu, realizado pelas figuras parentais e seus valores morais enquanto objetos introjetados.  Ontem foi o Domingo de Páscoa; sendo assim, aproveito a ocorrência próxima destas duas datas para tratar, aqui, da experiência cultural como traumática e de sua relação com a Paixão de Cristo. Retábulo de Issenheim  (Mathias GRÜNEWALD, 1512-16)  Em Totem e tabu  (1912-13), Freud dedica algumas linhas a pensar criticamente justamente a doutrina e a celebração cultural cristã da Paixão de Cristo até Sua Ressureição na Páscoa...

Monet e o que não é divertido

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  - SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRANSLATOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - Está acontecendo, no Boulevard Olímpico, na Gamboa, no Rio de Janeiro, uma exposição multimídia chamada Monet à beira d'água , na qual são projetadas através de animações digitais, várias pinturas do mestre e precursor do Impressionismo.  Essa exposição repete algo que está bastante em moda na atualidade: centrar na diversão o fundamento e o foco do que poderiam ser diversos tipos de experiência estética. Vemos isso na produção, organização e divulgação de inúmeros trabalhos artísticos atuais e tentativas de tornar acessíveis produções antigas. É como se só fosse possível fruir de uma obra de arte se ela fosse divertida. Quero hoje discutir o problema do 'divertido', a partir do próprio Monet - e com a costumeira ajuda de Freud. As ninfeias - As nuvens  (Claude MONET, 1920-26) Chamo de 'divertido' a experiência estética que provoca ...

Muros brancos

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  - SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRADUTOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - Lembro os leitores que este blog é um projeto de extensão universitário, sou professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), dou aula para o curso de psicologia do campus de Rio das Ostras. Mas eu não pisava no campus, devido à pandemia de COVID-19 e o consequente trabalho remoto estabelecido como alternativa ao presencial, há dois anos até terça-feira passada, dia 29 de março de 2022. E o meu texto de hoje trata da triste surpresa que tive ao retornar presencialmente a este campus após um intervalo de dois anos. Grafite de Lobão que foi apagado durante a pandemia Antes de entrar nos prédios, antes de encontrar os colegas e alunos, me deparei com uma importante diferença de 2020 para 2022. Os muros e paredes estão todos brancos. Antes, havia neles a arte do grafite, parte dela, inclusive, feita pelo artista plástico Lobão (não confundir com o cantor...

A morte no rock e a morte do rock

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  - SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRADUTOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - Neste sábado dia 26 de março li a notícia de que o baterista da banda de rock Foo Fighters, Taylor Hawkins, morreu aos 50 anos, num quarto de hotel em Bogotá. Comenta-se, então, na minha cabeça: 'Puxa, mais um rockeiro que morre jovem'. No entanto, lembro que quando Elvis Presley, o 'rei do rock ' morreu, em 1977, aos 42 anos, dizia-se que já estava velho para o rock'n'roll , parafraseando a canção da banda inglesa Jethro Tull, lançada um ano antes, Too old to rock and roll, too young to die  (Ian ANDERSON, 1976) [traduzo: "Velho demais para o rock and roll, jovem demais para morrer"]. Elvis Presley  (Andy WARHOL, 1963) Gostaria de conversar com o leitor, então, um pouco sobre as ideias de juventude e velhice que se insinuam nestas impressões e sobre os estilos de vida ligados a essas ideias. Diversos artistas da música ...

A arte das artes: mais uma contribuição ao debate gerado pelo surgimento de uma graduação universitária em psicanálise no Brasil

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   - SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRADUTOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - Michel Foucault, em sua obra póstuma História da sexualidade 4: as confissões da carne  (2018) se debruça sobre os primeiros séculos do cristianismo para nos mostrar de que modo se constituíram as formas de subjetivação que orbitam em torno do tema da carne. Para isso o autor, o tempo todo, demarca as continuidades e descontinuidades entre as práticas de subjetivação da antiguidade em relação ao cristianismo e do cristianismo em relação à modernidade. Meu interesse, aqui, é sinalizar algumas continuidades, descontinuidades e perigos que se transmitem do que a tradição monástica cristã chamou de 'a arte das artes' à psicanálise, herdeira moderna que subverte tal tradição. De certo modo, portanto, este texto continua o debate sobre a transmissão da psicanálise, a formação do psicanalista e qual ética está em pauta nestes processos. Mosteiro de Ta...