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Mostrando postagens de janeiro, 2022

Qual a mensagem de Íris?

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  - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  Íris, mensageira dos deuses  é uma escultura de Auguste Rodin, criada entre 1891 e 1894. A escolha deste nome para esta escultura é o ensejo para trazer para este blog algumas importantes discussões que atravessam o campo psicanalítico e mais um comentário, ao final, a respeito da absurda invencionice de uma graduação em psicanálise.  Íris, mensageira dos deuses  (Auguste RODIN, 1891-94) Antes de tratar da própria escultura, vale lembrar ao leitor quem é Íris, a mensageira dos deuses: na mitologia grega, Íris é, ela própria, uma deusa, que se manifesta no, e ao mesmo tempo, é o arco-íris - uma ligação entre os céus e a terra. Íris, tal como Hermes, é uma deusa mensageira, é ela quem faz a comunicação dos deuses com os humanos; o fenômeno do arco-íris era, desse modo, significado na Grécia arcaica como uma mensagem dos deuses a ser decodificada ou

Ou artes da existência ou normalização universitária

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 - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  Tendo em vista o interesse que meu texto de domingo passado parece ter suscitado - acredito que isso se deve à grave situação da criação de uma faculdade com formação de psicanalistas no Paraná -, continuo a tratar do tema da formação do psicanalista através de um diálogo com o campo das artes e da cultura. Hoje articulo os temas formação, cultura e estética da existência, o último tendo sido disseminado pelo pensador Michel Foucault ao final de sua vida e obra, como, por exemplo, em A hermenêutica do sujeito  (1982) e História da sexualidade volume 2: o uso dos prazeres  (1984). Mas antes, gostaria de destacar, para o leitor, alguns momentos da história da psicanálise. Michel Foucault  1) Em Os primeiros psicanalistas, volume 1: 1906-1908  (CHECCHIA, TORRES & HOFFMANN, 2015), conhecemos melhor como funcionava o famoso Grupo das Quartas-feira

Trompe l'oeil na formação de psicanalistas

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  - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN - Hoje quero falar do  trompe l'oeil . Este termo, cunhado e mantido em francês, pode ser traduzido por 'engana o olho'. Costuma ser utilizado para designar um efeito de ilusão de espaço, de profundidade, de realismo, através de técnicas de perspectiva e jogos de luzes, nas artes plásticas e na arquitetura. Mas quero falar dele na formação de psicanalistas. Trompe l'oeil em mural nas ruínas romanas de Herculano, Itália O termo surgiu no século XVII, mas estas técnicas ilusórias datam de muito tempo atrás, já existiam em Pompéia e Herculano. Ainda assim, o fato de o termo ter sido cunhado no século XVII, na era do estilo barroco, não é sem importância. A arte barroca usou e abusou do trompe l'oeil ; ele está intimamente ligado à lógica daquela produção cultural. Como mostra o historiador da arte Giulio Carlo Argan, em seu livro Im

O erotismo no sagrado, a adoração do profano

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 - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  Escolhi abordar um quadro de Ticiano Vecellio, mestre entre os venezianos do século XVI - e ainda atualmente um mestre - na postagem de hoje. O quadro em questão, terminado em 1515, ganhou o nome pelo qual é reconhecido hoje apenas mais de cem anos depois de terminado. Foi comprado após a morte de Ticiano, em 1608, pela poderosa família de cardeais e mecenas Borghese, e já na coleção Borghese, de 1693 em diante, é conhecido pelo título de Amor sacro e Amor profano .  Amor sacro e amor profano  (TICIANO Vecellio, 1515) O que se sabe hoje da história desta obra é que foi feita por encomenda de um noivo como presente para sua noiva tendo em vista o matrimônio próximo. Supostamente a mulher pintada vestida de branco representaria a noiva. Mas o quadro também costuma ser interpretado, e é essa a ênfase de Panofski (1979), p.e., como mais uma entre as di

Bandeira da Felicidade e do gozo

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   - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  E começa 2022, ano prenhe de esperanças...ao menos para mim, mas sei que não somente para mim...De todo modo, o início de um novo ano nos faz pensar no futuro...e também no passado: entramos no ano do centenário da Semana de Arte Moderna. E quem sabe os artistas brasileiros de cem anos atrás, os modernistas que protagonizaram aquele acontecimento, possam nos ajudar a pensar e sentir nosso hoje? E será que nos ajudam a pensar também um futuro possível? Sim, eles nos ajudam. Manuel Bandeira certamente. Cartaz da Semana de Arte Moderna de 1922 O meu preferido dentre os grandes nomes de 1922 é o poeta pernambucano Manuel Bandeira. Escolho um poema seu como tema do texto de hoje: o gozo . Leiam Felicidade , que se encontra em sua Antologia poética  (1961): A doce tarde morre. E tão mansa Ela esmorece, Tão lentamente no céu de prece, Que assim parece,