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Mostrando postagens com o rótulo Narcisismo

O ódio ao intelectual

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 -   IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN - Já que ontem foi o Dia do Mestre e alguns episódios recentes - somados a outros não tão recentes -, se relacionam, de modo desagradável, à figura do pesquisador e professor universitário, os tomo como ensejo de uma manifestação minha, que também sou professor e pesquisador universitário: - Michel Gherman, estudioso de referência quando o assunto é antissemitismo, foi impedido de falar em evento realizado na PUC-RIO para se discutir o conflito entre Hamas e Israel. Gherman foi acusado de ser pró-Hamas, aparentemente porque, além de condenar veementemente a violência atroz cometida pelo Hamas, ter também problematizado o modus operandi desumano do Estado de Israel em relação à Faixa de Gaza. Minha solidariedade a Gherman. - Recentemente houve na UFBA uma manifestação de estudantes contra uma professora, acusando-a de transfóbica, tendo em vista um

A morte assistida - um último ato psicanalítico

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 - SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRANSLATOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - O dia 23 de setembro é a data da morte de Sigmund Freud, ocorrida no ano de 1939. Não faria muito sentido lembrar desta data agora caso não remetesse a algum tema que concerne à atualidade. O que remete à atualidade é o modo como morreu Freud. Para quem não sabe, Freud havia combinado com seu amigo e médico, Max Schur, que o auxiliasse a morrer quando pedisse, que quando não aguentasse mais continuar a viver devido à dor causada por seu câncer no palato (que perdurava mesmo após mais de trinta cirurgias) que Max Schur administrasse a eutanásia de Freud (através de uma dose letal de morfina) - e, como foi noticiado há poucos dias, o cineasta Jean-Luc Godard decidiu morrer, agora em 2022, de maneira semelhante. Jean-Luc Godard Como se pode ler nas biografias escritas por Ernest Jones (1961) e por Peter Gay (1988), o biografado Sigmund Freud teve uma crenç

Viva o gordo!

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  - SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRANSLATOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - No último dia 5 de agosto morreu Jô Soares, um dos maiores humoristas do Brasil. O texto de hoje o homenageia com reconhecimento de algo que considero um de seus maiores méritos: Jô, em ato, nos ensinou a rir de si e de nosso país. Jô Soares em seu talk-show Jô não gostava de ser chamado de 'fortinho', 'cheínho', muito menos de 'pessoa com obesidade'. Jô se definia como gordo, por anos teve um programa na TV Globo chamado Viva o gordo! , por outros anos, no SBT, seu programa se chamou Veja o gordo  e, em seus talk shows sempre saudou o público com o famoso "Beijo do gordo!" (sic). Mais do que isso, Jô fazia piadas com sua gordura; fazia piadas também a respeito de outras de suas características não muito elogiáveis em nossa cultura: seu exibicionismo, a ingenuidade de quando era criança e seus trejeitos considerados ef

RPG e castração

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 - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  O nome deste blog é Psicanálise, arte e cultura , é verdade... no entanto, hoje não tratarei exatamente de uma experiência artística, mas, sem dúvida, ainda assim, de uma experiência cultural estética contemporânea, que são os jogos do tipo RPG ( Role-Playing Games ).  É verdade que muitos destes jogos foram inspirados por trabalhos artísticos da literatura e do cinema, como a trilogia O senhor dos anéis  de J.R.R. Tolkien (1954-55) ou a obra de H.P. Lovecraft  O chamado do Cthulu  (1928), e também inspiraram obras literárias, como a do escritor brasileiro contemporâneo Eduardo Spohr (2007-) mas meu interesse maior no texto de hoje recai sobre a experiência estética dos jogos, que implica uma certa dramaturgia, e não nas referências que os inspiraram ou se inspiraram neles. J.R.R. Tolkien Para quem não os conhece, é preciso esclarecer mais ou menos

O jardim francês e a semeadura do eu

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 - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  Hoje o assunto são os jardins franceses. Ou melhor: o que os jardins franceses têm a ver com o modo como nos relacionamos conosco no ocidente...ao menos desde o século XVII. Jardins de Vaux-le-Vicomte (André LENÔTRE, 1657) Os jardins franceses que surgiram naquele século são marcados pela simetria, proporção, perspectiva e organização racional do espaço. A natureza - as plantas, águas, pedras, terra - é investida pelo nascente homem moderno como objeto de seu domínio; aqueles jardins eram a materialização do sonho moderno: tornar a natureza racionalizada e dominada, dobrada à vontade do homem. São diferentes dos jardins renascentistas italianos, nos quais, mesmo já havendo um gosto pela racionalidade, o todo era marcado pela experiência de uma idealização da alegria, havia um certo culto à efusão afetiva; são diferentes também dos posteriores ja

Ouvir a própria morte em Blackstar

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 - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  Blackstar  foi o último álbum de David Bowie, lançado em 8 de janeiro de 2016, dois dias antes de sua morte. É impressionante o quanto o álbum é sombrio, triste, por vezes melancólico - a morte é escutada o tempo inteiro em cada uma de suas canções. Bowie sabia que ia morrer de câncer e fez um álbum sobre sua morte, ao mesmo tempo uma despedida, um lamento, um olhar corajoso em direção à própria finitude, um último suspiro. Isso é raro de acontecer: alguém admitir a si mesmo que vai morrer e produzir uma excelente e verdadeira obra para compartilhar isso com os outros. Capa do álbum Blackstar  (David BOWIE, 2016) Sim, o álbum de Bowie é excelente. Em minha opinião, dentre os mais de 20 álbuns do rockeiro inglês, este é o terceiro melhor, ficando atrás apenas do clássico The rise and fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars  (1972) e do n