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Mostrando postagens com o rótulo Morte

Revisitando fragmentos para fazer o luto - homenagem aos que foram e abraço em que fica e luta

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 -   IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN - Quadrado preto sobre fundo branco (Kazimir MALEVITCH, 1918) Tendo em vista uma sucessão de problemas que se colocaram diante de mim nos últimos dias - doença na família, início da greve dos professores da UFF marcada para a próxima segunda-feira, morte do marido de uma querida amiga e colega de trabalho na UERJ, seguida da morte de um grande amigo, membro e ex-presidente do Espaço brasileiro de estudos psicanalíticos do Rio de Janeiro (EBEP-RJ), Júlio Bandeira de Mello (a quem dedico o que foi possível trabalhar hoje, entretanto sabendo que Júlio merece bem mais), além de eu mesmo (que não sou de ferro) ter ficado bastante gripado, mas aviso que já estou sarando -, o que consegui fazer neste blog foi o seguinte: a) Revisitar todas as postagens até hoje publicadas e, nelas fazer correções de eventuais erros de informação, inserir referências bibl

Escrever para não morrer e escrever para morrer

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 SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRANSLATOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - Faz já 60 anos que Michel Foucault publicou seu artigo "A linguagem ao infinito", que hoje pode ser encontrado na compilação Ditos & Escritos , no volume III: Estética: literatura e pintura, música e cinema (2001). Ali, o filósofo apresenta uma teoria da literatura moderna em contraposição aos textos de antes do século XVIII. Em homenagem aos 60 anos deste importante texto, pretendo recapitulá-lo e pô-lo em discussão com o pensamento psicanalítico sobre a escrita e com dois textos literários do século XX, um não citado por Foucault, o outro posterior ao artigo. O artigo em questão tem como ponto de partida  a ideia levantada por Maurice Blanchot de que escrevemos para não morrer - e Foucault acrescenta: também falamos para não morrer. "O discurso, como se sabe, tem o poder de deter a flecha já lançada em um recuo do tempo que é seu esp

A morte assistida - um último ato psicanalítico

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 - SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRANSLATOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - O dia 23 de setembro é a data da morte de Sigmund Freud, ocorrida no ano de 1939. Não faria muito sentido lembrar desta data agora caso não remetesse a algum tema que concerne à atualidade. O que remete à atualidade é o modo como morreu Freud. Para quem não sabe, Freud havia combinado com seu amigo e médico, Max Schur, que o auxiliasse a morrer quando pedisse, que quando não aguentasse mais continuar a viver devido à dor causada por seu câncer no palato (que perdurava mesmo após mais de trinta cirurgias) que Max Schur administrasse a eutanásia de Freud (através de uma dose letal de morfina) - e, como foi noticiado há poucos dias, o cineasta Jean-Luc Godard decidiu morrer, agora em 2022, de maneira semelhante. Jean-Luc Godard Como se pode ler nas biografias escritas por Ernest Jones (1961) e por Peter Gay (1988), o biografado Sigmund Freud teve uma crenç

COVID-19 e literatura

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 - SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRANSLATOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - Nesta semana tive um interessante encontro com professores de um colégio do Rio de Janeiro para conversarmos sobre os traumas da pandemia e seus efeitos sobre o retorno às aulas presenciais. Naquele encontro me foi pedido que eu desse sugestões de como trabalhar o trauma das mortes por COVID-19 com os alunos. Apesar de achar que os professores de crianças e adolescentes são muito mais sagazes que eu para inventar um jeito de trabalhar este difícil tema, não me furtarei ao convite e o que segue abaixo são sugestões para aulas de literatura, mas não só: são sugestões de leitura para qualquer um, na verdade. Os nomes sugeridos são: Augusto dos Anjos, Graciliano Ramos, Miguel Falabella, William Shakespeare, Oscar Wilde e Thomas Mann. Portanto, tem literatura para todos os gostos aqui. Augusto dos Anjos  Para seguir com minha proposta, cabe, antes, um pouco

Mortes, números e afetos

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 - SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRANSLATOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - Recebi por Whatsapp, nesta semana, um vídeo macabro. A cena, real , é a seguinte: Um veículo blindado utilizado pela Polícia Civil do estado do Rio de Janeiro aparece dando marcha à ré e sendo utilizado como força tratora, amarrado por uma corda a um monumento, para retirá-lo de sua base. É utilizado, melhor dizendo, para destruir tal monumento - e o faz sem muita dificuldade. Ao redor do veículo se vê muitos policiais fortemente armados. A cena se passa na favela do Jacarezinho, na cidade do Rio de Janeiro, onde o monumento tinha sido construído recentemente. Tratava-se de um bloco de concreto, pintado de azul, sobre o qual estava afixada uma placa onde estava registrada uma homenagem às vítimas de uma chacina ocorrida ali há pouco tempo, na qual 27 moradores e um servidor público foram as vítimas fatais. O monumento sinalizava também que tal chacina f

Trabalho e luta

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 - SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRANSLATOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - Primeiro de maio: dia do trabalhador. Uma comemoração da luta dos trabalhadores contra aqueles que exploram seu trabalho e em nome de condições dignas de trabalho; o episódio que marcou a data ocorreu em Chicago, no ano de 1886, no contexto fabril; ainda assim é bom lembrar que a razão deste feriado internacional diz respeito à luta de todos os trabalhadores, especialmente - hoje em dia - aqueles aprisionados na uberização do trabalho. Portanto, pensando rapidamente, poder-se-ia dizer que a data celebra a luta mais que o trabalho. Mas é preciso se debruçar cuidadosamente sobre o assunto para adotar uma posição mais segura a respeito do que esta data significa: escolhi três importantes nomes, dois contemporâneos aos episódios de 1886 e um outro que morreu três anos antes, para tentar demonstrar ao leitor que trabalho e luta são indissociáveis. O que mor

A morte no rock e a morte do rock

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  - SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRADUTOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - Neste sábado dia 26 de março li a notícia de que o baterista da banda de rock Foo Fighters, Taylor Hawkins, morreu aos 50 anos, num quarto de hotel em Bogotá. Comenta-se, então, na minha cabeça: 'Puxa, mais um rockeiro que morre jovem'. No entanto, lembro que quando Elvis Presley, o 'rei do rock ' morreu, em 1977, aos 42 anos, dizia-se que já estava velho para o rock'n'roll , parafraseando a canção da banda inglesa Jethro Tull, lançada um ano antes, Too old to rock and roll, too young to die  (Ian ANDERSON, 1976) [traduzo: "Velho demais para o rock and roll, jovem demais para morrer"]. Elvis Presley  (Andy WARHOL, 1963) Gostaria de conversar com o leitor, então, um pouco sobre as ideias de juventude e velhice que se insinuam nestas impressões e sobre os estilos de vida ligados a essas ideias. Diversos artistas da música