Postagens

Mostrando postagens com o rótulo Hannah Arendt

Deus e o Diabo na Terra do Neofascismo

Imagem
 - SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRANSLATOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - Nos últimos dias, o Diabo foi convocado, no Brasil, diversas vezes. O discurso político de extrema-direita adotou o tom agressivo, obscurantista, e, no entanto, aparentemente eficaz do medo do Diabo. Ao associar qualquer ideia, pessoa ou prática, não importa de que espectro político for, ao Diabo, convence-se muita gente a se afastar daquela figura ou prática - me refiro aos muito religiosos, claro. Seja um candidato ou partido político, uma ideologia, uma prática artística, uma atividade lúdica, uma religião...tem sido sempre eficaz, quando se quer provocar o afastamento de boa parte da sociedade em relação àqueles, de sugerir ou mesmo afirmar que eles têm relações com o Diabo. Uma política, uma moral e mesmo uma estética do Diabo se erigem, novamente, na civilização ocidental. Esta mesma civilização criou o Diabo, ela mesma o colocou no armário. E ela

Pele vermelha - de sangue

Imagem
 - SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRANSLATOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - O professor Michel Gherman, historiador da UFRJ que nós, do Programa de Pós-Graduação em Psicanálise e Políticas Públicas da UERJ, tivemos a honra de escutar na aula inaugural deste ano de 2022, publicou, na internet , um marcante comentário a respeito do violento assassinato do indigenista Bruno Pereira (que ainda mais foi esquartejado) na Amazônia brasileira, junto do repórter britânico que o acompanhava, Dom Phillips.  O rabino Uri Lam entoando cântico indígena em homenagem a Bruno Pereira e aos povos da Amazônia Gherman informa que o rabino Uri Lam, numa sinagoga de São Paulo, entoou, em homenagem aos mortos, um canto dos povos indígenas daquela região que já havia sido entoado por Bruno Pereira, aparentemente pouco antes de morrer, em homenagem aos índios mortos por uma política sinistra que se acentua por lá (e não só por lá). As mortes dos indíge

A estética do jogo fascista

Imagem
 - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  Foi veiculado, via redes sociais, nesta semana, um vídeo do jornalista Pedro Dória que tratou, a partir do assassinato de Moïse Kabagambe [que também abordei em meu post anterior], do tema do fascismo e, mais particularmente, do fascismo brasileiro, indicando que o atual presidente da república encaixa-se perfeitamente na definição de fascista. Dória define fascismo a partir de Robert O. Paxton (1979), sinalizando que o tema do culto à morte real e simbólica é o ponto central ao qual se acoplariam, creio eu, características diversas, formando os diferentes fascismos históricos, a começar pelo que deu o nome ao monstro e que chegava ao poder, com Benito Mussolini, há 100 anos atrás.  Deste modo, há uma estética sempre presente no fascismo que poderíamos chamar de culto à morte, a qual se conjuga também com uma certa moral e com uma atitude política

Dignidade aos matáveis - luto por Kabagambe

Imagem
 - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  O assassinato de um imigrante congolês no Rio de Janeiro, Moïse Kabagambe, aconteceu nesta semana. Ele foi surrado num quiosque na Barra da Tijuca porque cobrava pagamento atrasado por seus serviços. Surrado, espancado por pessoas portando tacos de beisebol e pedaços de pau, Kabagambe materializou o que ele, imigrante africano e pobre, é para seus agressores: um monte de carne e mais nada. Diante de tamanho horror, c onvoco o grande fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado para auxiliar-me a conceder a este homem um digno trabalho de luto. Imigrantes involuntários ou refugiados em Êxodos  (Sebastião SALGADO, 1999) A fotografia acima, de Sebastião Salgado, é apenas uma dentre muitas que compõem seu livro Êxodos  (1999), o qual documenta cenas da existência de diversos povos no mundo que, na época, eram obrigados a se exilar de seu lar, de suas terras,