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Mostrando postagens com o rótulo Cinema

A felicidade de Wim Wenders

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 -   IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN - Ainda está em cartaz, nos cinemas, o último filme de Wim Wenders, Dias perfeitos (2023). Lindo filme que, creio, recoloca em cena uma discussão antiga, batida e, no entanto, sempre atual, a respeito da felicidade. O filme é uma sensível crítica ao sonho hegemônico de felicidade, repetidas vezes encenado nas telas de nosso mundo contemporâneo, seja nos sonhos noturnos e devaneios, nas imagens de propaganda comercial, nas fotografias, na internet , na TV ou no cinema. Desse modo, Dias perfeitos é um filme construído contra ou apesar do imaginário reiterado pela maior parte dos filmes que chegam aos nossos olhos. E, ao ser um olhar diferente a respeito da felicidade, reabre discussões encetadas também no campo psicanalítico. O que se lerá a seguir, inclui muita informação sobre o filme. Quem não gosta de spoilers antes de ver a obra, esteja já adve

A bomba e os mortos invisíveis de Oppenheimer

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-   IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN - Muito alarde e muita propaganda foram feitos a respeito do filme-biografia do cientista Julius Robert Oppenheimer, o inventor da bomba atômica. A película Oppenheimer  (NOLAN, 2023), do excelente diretor britânico Christopher Nolan é recente, está passando agora nos cinemas - e o que escreverei na postagem de hoje é a minha crítica do filme, que inevitavelmente estará recheada de ' spoilers' ; portanto, sugiro que quem ainda não viu o filme, pretende vê-lo e gostaria que sua experiência não fosse estragada ou influenciada por mim, não leia o que está escrito nos parágrafos abaixo. Antes de tratar do filme propriamente dito, gostaria de comentar a trajetória artística de Christopher Nolan até aqui. Talvez Nolan seja o mais badalado autor de cinema da geração que apareceu na virada do milênio anterior para este; certamente o melhor e mais bad

Um sopro só não faz furacão

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 - SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRANSLATOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - Retorno de férias, como muita gente, siderado pela grande quantidade de acontecimentos marcantes que se enumeraram do início de dezembro de 2022 até a primeira semana de fevereiro de 2023. Desde a vitória da Argentina na Copa do Mundo, passando pela morte de Pelé, até eventos mais intensos e de maior importância ética e política como a posse de Lula, a tentativa de golpe de Estado por parte de neofascistas em 8 de janeiro, a tragédia com cheiro de genocídio dos ianomami e a baixaria política envolvendo figuras como Marcos do Val, para mencionar o que primeiro vem à mente; provavelmente devo ter esquecido de alguma coisa. Hoje não tratarei de nada disso, no entanto, ao menos diretamente. Pode ser que ao longo do ano encontre inspiração para falar desses assuntos. Cartaz do filme Rolling Thunder Revue: a Bob Dylan Story  (Martin SCORSESE, 2019)  Por hoje,

O Cristo trágico contra o sucesso em Cristo

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 - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  Entre o Natal e o Ano Novo não há mais como desviar do tema do nascimento de Jesus Cristo. Ou melhor, um pequeno desvio ainda se faz - sim, hoje comentarei uma obra estética que discute a vida de Cristo, porém não seu nascimento; o assunto é mesmo sua vida e morte como filho de Deus. A obra é o filme A última tentação de Cristo , de Martin Scorsese, lançada em 1988. Capa do DVD de A última tentação de Cristo  (Martin SCORSESE, 1988) O filme, inspirado no livro de Nikos Kazantzákis, A última tentação (1952), é, provavelmente, a melhor obra cinematográfica a respeito de Jesus Cristo. Ali vemos Jesus como um humano que, por ser filho de Deus, sofre profundamente de uma divisão psíquica : Sou santo ou sou um humano comum? O que desejo ? Atender à vontade do Pai ou seguir outro caminho? Esse sujeito dividido entre o desejo do Outro e aquilo que seria