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Diagnóstico em/ou psicanálise

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Composição com vermelho, azul, amarelo e preto (Piet MONDRIAN, 1921)  -   IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN - De tempos em tempos os alunos de graduação em psicologia demonstram um grande interesse na prática diagnóstica e me pedem para falar sobre o diagnóstico em psicanálise. Decidi falar disso hoje, então, aproveitando a data comemorativa de dois breves textos de Freud sobre o assunto, que comemoram 100 anos em 2024: "Neurose e psicose" (FREUD, 1924a) e "A perda da realidade na neurose e na psicose" (id., 1924b). Porém pretendo, ao longo do texto, comentar criticamente este anseio por diagnóstico que vemos não só entre estudantes de psicologia, mas também entre pacientes, escolas, empresas e outras instituições.  Antes de tudo, é preciso dizer que os psicanalistas diagnosticam os sofrimentos psíquicos de modo muito diferente dos psiquiatras e dos psicólogos, embora

100 anos de masoquismo primário

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  -   IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN - Há 100 anos Freud publicava o artigo "O problema econômico do masoquismo" (FREUD, 1924), texto importante na reformulação teórica da clínica psicanalítica desencadeada pela observação de que repetimos compulsivamente experiências de desprazer. Esta constatação levou Freud a considerar a possibilidade de haver uma pulsão de morte, em Além do princípio do prazer  (id., 1920). O artigo de 1924 dá prosseguimento às reconfigurações conceituais iniciadas quatro anos antes, naquele trabalho, mas demarca mais um passo fundamental. Meu interesse hoje é demonstrar a potência deste texto psicanalítico para pensarmos a experiência político-cultural atual. Ano passado tentei demonstrar como o livro de Freud que fazia seu centenário naquele ano trouxe uma complexidade à concepção de aparelho psíquico não antes ensaiada. Me refiro a O eu e o isso (i

O susto e o estranho: comentário psicanalítico sobre A sagração da primavera

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 -   IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN - Sagração (Deborah COLKER, 2024) Nos próximos dias, de 21 a 24 de março, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, a Companhia de dança de Deborah Colker apresentará a sua versão para o balé de A sagração da primavera (STRAVINSKI, 1913), composição musical revolucionária do russo Igor Stravinski, feita para ser apresentada conjuntamente ao balé desenvolvido especificamente para esta peça, cuja coreografia foi dirigida, originalmente por ninguém menos que Vaslav Nijinski. Infelizmente não consegui ingressos e não tenho ideia do que a maior coreógrafa brasileira, Colker, inventou desta vez com Sagração (2024). Ainda assim, creio que é possível, aqui, tecer alguns comentários a respeito da estética da obra original, seu lugar na história da música e da dança, e algumas reflexões psicanalíticas que ela me provoca. O tema da música e do balé é o seguinte