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Em tempo: um alerta e uma justa celebração

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 -   IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN - Antes do Natal chegar, infelizmente, ainda é tempo de más notícias - para o campo psicanalítico e, também, para a sociedade brasileira em geral, ao menos à parte dela que de algum modo se relaciona com o campo psicanalítico, dos curiosos, passando pelos interlocutores, chegando nos atuais e futuros pacientes ou analisantes , como queiram. O Movimento Articulação , para quem não sabe, é um movimento organizado pelas 23 mais representativas instituições de psicanalistas do Brasil há mais de 20 anos. Foi criado como força política organizada para fazer frente, já há mais de 20 anos - repito -, contra as diversas tentativas de regulamentar a psicanálise, torná-la profissão, torná-la instrumento seja do poder estatal, das grandes corporações financeiras, da moral religiosa, do positivismo científico mais orientado para o que Jacques Lacan chamou de di

Escrever para não morrer e escrever para morrer

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 SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRANSLATOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - Faz já 60 anos que Michel Foucault publicou seu artigo "A linguagem ao infinito", que hoje pode ser encontrado na compilação Ditos & Escritos , no volume III: Estética: literatura e pintura, música e cinema (2001). Ali, o filósofo apresenta uma teoria da literatura moderna em contraposição aos textos de antes do século XVIII. Em homenagem aos 60 anos deste importante texto, pretendo recapitulá-lo e pô-lo em discussão com o pensamento psicanalítico sobre a escrita e com dois textos literários do século XX, um não citado por Foucault, o outro posterior ao artigo. O artigo em questão tem como ponto de partida  a ideia levantada por Maurice Blanchot de que escrevemos para não morrer - e Foucault acrescenta: também falamos para não morrer. "O discurso, como se sabe, tem o poder de deter a flecha já lançada em um recuo do tempo que é seu esp

Goya/1823 e Freud/1923

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  SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRANSLATOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - 2023 é o ano do centenário da publicação de um dos textos mais decisivos de Sigmund Freud e, por consequência, da psicanálise: O eu e o isso . 2023 é, também, o bicentenário do término, por parte de Francisco de Goya y Lucientes, do que se tornou o expoente de sua arte - e talvez da arte romântica: as 15 obras conhecidas como as pinturas negras (14 delas estão no Museu do Prado, em Madri, e uma na coleção Stanley Moss, em Nova York). Meu texto de hoje é uma tentativa de articular estas duas aventuras - O eu e o isso e as pinturas negras - sem deixar de marcar a atualidade de ambas para seu tempo - e para o nosso. Comecemos por O eu e o isso . Este importante trabalho de Freud, de certo modo, é o ponto de chegada de uma pesquisa aprofundada sobre o eu como instância psíquica , iniciada em 1914, com "Sobre o narcisismo: uma introdução" (FREUD,

Sublimação, criação e o trabalho analítico

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  - SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRANSLATOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - Tenho escrito neste blog semanalmente desde novembro passado e, até agora, pouco falei de um conceito crucial em psicanálise quando o assunto em questão é arte ou cultura. Me refiro à sublimação. Depois de quase oito meses de blog, então, me dedico a escrever sobre este conceito. Auto-retrato  (Leonardo DA VINCI, 1520), o genial artista e cientista cuja obra influenciou Freud no desenvolvimento do conceito de sublimação  O que se segue é um resumo do que desenvolvo numa parte de meu livro Psicanálise, criatividade e depressão: um estudo sobre as subjetividades na cultura neoliberal  (CATTAPAN, 2021), que completa um ano de publicação. O primeiro registro do uso, por parte de Freud, ao escrever sobre psicanálise , do termo sublimação é a "Carta 61" do autor a seu interlocutor e amigo, Wilhelm Fliess. O termo surge relacionado ao desenvolvime

Uma pressão surda

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 - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  Estamos nos aproximando do Natal e, por isso, me senti impelido a comentar e pensar a partir de alguma obra de arte que diga respeito a essa época do ano. Todavia, não se trata de uma obra natalina. Dia 22 de dezembro é a data de aniversário da primeira apresentação da Quinta Sinfonia de Beethoven, talvez sua mais famosa obra. No próximo dia 22, a obra fará 213 anos. Vida longa a ela e a Ludwig van Beethoven! Ludwig van Beethoven  (Karl STIELER, 1820) Uma obra que se move da alta tensão à solenidade, à leveza e à grandiosidade. Mas, tomada como um todo, é certamente marcada pela tensão inicial, de cabo a rabo (ou à coda ). Não à toa, seu primeiro movimento é o mais famoso, mais marcante: a frase simples, ritmada, insistente, que abre a sinfonia, jamais é realmente abandonada; outros temas surgem, mas sempre dialogando, repetindo, dando indícios do