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100 anos de masoquismo primário

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  -   IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN - Há 100 anos Freud publicava o artigo "O problema econômico do masoquismo" (FREUD, 1924), texto importante na reformulação teórica da clínica psicanalítica desencadeada pela observação de que repetimos compulsivamente experiências de desprazer. Esta constatação levou Freud a considerar a possibilidade de haver uma pulsão de morte, em Além do princípio do prazer  (id., 1920). O artigo de 1924 dá prosseguimento às reconfigurações conceituais iniciadas quatro anos antes, naquele trabalho, mas demarca mais um passo fundamental. Meu interesse hoje é demonstrar a potência deste texto psicanalítico para pensarmos a experiência político-cultural atual. Ano passado tentei demonstrar como o livro de Freud que fazia seu centenário naquele ano trouxe uma complexidade à concepção de aparelho psíquico não antes ensaiada. Me refiro a O eu e o isso (i

O susto e o estranho: comentário psicanalítico sobre A sagração da primavera

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 -   IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN - Sagração (Deborah COLKER, 2024) Nos próximos dias, de 21 a 24 de março, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, a Companhia de dança de Deborah Colker apresentará a sua versão para o balé de A sagração da primavera (STRAVINSKI, 1913), composição musical revolucionária do russo Igor Stravinski, feita para ser apresentada conjuntamente ao balé desenvolvido especificamente para esta peça, cuja coreografia foi dirigida, originalmente por ninguém menos que Vaslav Nijinski. Infelizmente não consegui ingressos e não tenho ideia do que a maior coreógrafa brasileira, Colker, inventou desta vez com Sagração (2024). Ainda assim, creio que é possível, aqui, tecer alguns comentários a respeito da estética da obra original, seu lugar na história da música e da dança, e algumas reflexões psicanalíticas que ela me provoca. O tema da música e do balé é o seguinte

O naufrágio bilionário como verdade atuada

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  - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN - Não resisti. Mesmo me dando um tempo, um intervalo, no compromisso com este blog devido a um momento em que preciso me dedicar a alguns problemas e tarefas prementes, desobedeci a mim mesmo e escrevi o texto abaixo, pois acho que tenho alguma coisa a dizer - que articule psicanálise, arte e cultura - a respeito do desaparecimento do submersível  'Titan', com seus 5 tripulantes, quando se lançavam na aventura de visitar o Titanic naufragado no fundo do Atlântico Norte. Antes, um pouco de informação - mesmo que ela já esteja repisada nos veículos de mídia formal e informal. Quem estava no submersível? 1) O empresário bilionário britânico Hamish Harding, que gostava de aventuras; ele já tinha viajado para as profundezas do oceano, como para o espaço também. 2) Shazada Sulaiman, outro empresário bilionário, desta vez paquistanês. 3) O filho des

Escrever para não morrer e escrever para morrer

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 SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRANSLATOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - Faz já 60 anos que Michel Foucault publicou seu artigo "A linguagem ao infinito", que hoje pode ser encontrado na compilação Ditos & Escritos , no volume III: Estética: literatura e pintura, música e cinema (2001). Ali, o filósofo apresenta uma teoria da literatura moderna em contraposição aos textos de antes do século XVIII. Em homenagem aos 60 anos deste importante texto, pretendo recapitulá-lo e pô-lo em discussão com o pensamento psicanalítico sobre a escrita e com dois textos literários do século XX, um não citado por Foucault, o outro posterior ao artigo. O artigo em questão tem como ponto de partida  a ideia levantada por Maurice Blanchot de que escrevemos para não morrer - e Foucault acrescenta: também falamos para não morrer. "O discurso, como se sabe, tem o poder de deter a flecha já lançada em um recuo do tempo que é seu esp