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Mostrando postagens com o rótulo Falo

Velozes, furiosos e narcísicos

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 SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRANSLATOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - Em 1953, e, portanto, há 70 anos, era publicada, no International Journal of Psychoanalysis , uma conferência proferida por Jacques Lacan dois anos antes, diante da British Psychoanalytical Society, sob o título de "Algumas considerações sobre o eu" (LACAN, 1951-53). Ela não pode ser encontrada nem nos Escritos (id., 1966), nem nos Outros escritos (id., 2001), sabe-se lá porque. E, no entanto, este texto anterior ao momento em que Lacan se tornaria o epicentro da psicanálise na França traz reflexões interessantes ainda para nossa atualidade. Escolhi aproveitar uma indicação de tal texto de Lacan para comentar um fenômeno que tenho percebido em nossa cultura brasileira de alguns anos para cá: uma mudança gradual da imagem do que seria o carro ideal, o tipo de carro referido como o 'melhor', em nossa sociedade. Aqui o termo 'ideal&#

Fogo contra civilização

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  - SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRANSLATOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - Nesta semana, um assentamento do Movimento dos Sem Terra (MST), em Macaé, próximo a Rio das Ostras onde fica o campus da UFF em que trabalho, foi inteiramente destruído por um incêndio. A comunidade local - inclusive a acadêmica da UFF - ficou bastante chocada com o ocorrido e está tentando auxiliar as vítimas, que são, ao mesmo tempo, vítimas do fogo e da injusta distribuição de terras no nosso país.  Incêndio no assentamento do MST de Rio das Ostras Não tenho, ainda, informações a respeito das causas do incêndio. Contudo, se considerarmos este incêndio em conjunto com outros que ocorreram nos últimos anos e horrorizaram o país, creio que se pode discorrer sobre a força simbólica e ao mesmo tempo material que eles têm em nossa história recente e que, talvez, ajudem a pensar nossa cultura. Me refiro a uma série de incêndios chocantes: o do Museu Nacion

Viva o gordo!

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  - SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRANSLATOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - No último dia 5 de agosto morreu Jô Soares, um dos maiores humoristas do Brasil. O texto de hoje o homenageia com reconhecimento de algo que considero um de seus maiores méritos: Jô, em ato, nos ensinou a rir de si e de nosso país. Jô Soares em seu talk-show Jô não gostava de ser chamado de 'fortinho', 'cheínho', muito menos de 'pessoa com obesidade'. Jô se definia como gordo, por anos teve um programa na TV Globo chamado Viva o gordo! , por outros anos, no SBT, seu programa se chamou Veja o gordo  e, em seus talk shows sempre saudou o público com o famoso "Beijo do gordo!" (sic). Mais do que isso, Jô fazia piadas com sua gordura; fazia piadas também a respeito de outras de suas características não muito elogiáveis em nossa cultura: seu exibicionismo, a ingenuidade de quando era criança e seus trejeitos considerados ef

Parir

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  - SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRANSLATOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - Leiamos o poema abaixo de Arnaldo Antunes, Grávida , publicado em 1991 como canção interpretada por Marina Lima em seu álbum intitulado simplesmente Marina Lima : Grávida: "Eu tô grávida Grávida de um beija-flor Grávida de terra De um liquidificador E vou parir Um terremoto, uma bomba, uma cor Uma locomotiva a vapor Um corredor É que eu tô Tô grávida Esperando um avião Cada vez mais grávida Grávida Estou grávida de chão E vou parir Sobre a cidade Quando a noite contrair E quando o Sol dilatar Dar à luz É que eu tô Tô grávida De uma nota musical De um automóvel De uma árvore de Natal E vou parir Uma montanha Um cordão umbilical Um anticoncepcional Um cartão postal É que eu tô Tô grávida Esperando um furacão Um fio de cabelo Grávida Uma bolha de sabão E vou parir Sobre a cidade Quando a noite contrair E quando o Sol dilatar Dar à luz E quando o Sol

Qual a mensagem de Íris?

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  - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  Íris, mensageira dos deuses  é uma escultura de Auguste Rodin, criada entre 1891 e 1894. A escolha deste nome para esta escultura é o ensejo para trazer para este blog algumas importantes discussões que atravessam o campo psicanalítico e mais um comentário, ao final, a respeito da absurda invencionice de uma graduação em psicanálise.  Íris, mensageira dos deuses  (Auguste RODIN, 1891-94) Antes de tratar da própria escultura, vale lembrar ao leitor quem é Íris, a mensageira dos deuses: na mitologia grega, Íris é, ela própria, uma deusa, que se manifesta no, e ao mesmo tempo, é o arco-íris - uma ligação entre os céus e a terra. Íris, tal como Hermes, é uma deusa mensageira, é ela quem faz a comunicação dos deuses com os humanos; o fenômeno do arco-íris era, desse modo, significado na Grécia arcaica como uma mensagem dos deuses a ser decodificada ou

RPG e castração

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 - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  O nome deste blog é Psicanálise, arte e cultura , é verdade... no entanto, hoje não tratarei exatamente de uma experiência artística, mas, sem dúvida, ainda assim, de uma experiência cultural estética contemporânea, que são os jogos do tipo RPG ( Role-Playing Games ).  É verdade que muitos destes jogos foram inspirados por trabalhos artísticos da literatura e do cinema, como a trilogia O senhor dos anéis  de J.R.R. Tolkien (1954-55) ou a obra de H.P. Lovecraft  O chamado do Cthulu  (1928), e também inspiraram obras literárias, como a do escritor brasileiro contemporâneo Eduardo Spohr (2007-) mas meu interesse maior no texto de hoje recai sobre a experiência estética dos jogos, que implica uma certa dramaturgia, e não nas referências que os inspiraram ou se inspiraram neles. J.R.R. Tolkien Para quem não os conhece, é preciso esclarecer mais ou menos