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Mostrando postagens com o rótulo Erotismo

100 anos de masoquismo primário

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  -   IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN - Há 100 anos Freud publicava o artigo "O problema econômico do masoquismo" (FREUD, 1924), texto importante na reformulação teórica da clínica psicanalítica desencadeada pela observação de que repetimos compulsivamente experiências de desprazer. Esta constatação levou Freud a considerar a possibilidade de haver uma pulsão de morte, em Além do princípio do prazer  (id., 1920). O artigo de 1924 dá prosseguimento às reconfigurações conceituais iniciadas quatro anos antes, naquele trabalho, mas demarca mais um passo fundamental. Meu interesse hoje é demonstrar a potência deste texto psicanalítico para pensarmos a experiência político-cultural atual. Ano passado tentei demonstrar como o livro de Freud que fazia seu centenário naquele ano trouxe uma complexidade à concepção de aparelho psíquico não antes ensaiada. Me refiro a O eu e o isso (i

Rita Lee nos fez desejar

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  - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  Uma semana após ter escrito sobre os Titãs, retorno ao rock de São Paulo (e não só de São Paulo, mas de todo o Brasil), mas dessa vez com tristeza - Rita Lee morreu. É lamentável que a hora de dedicar um texto a ela se dê no momento de sua morte e é igualmente lamentável que tenhamos perdido há não tanto tempo assim Gal Costa, outra grande estrela da mesma geração. Na ocasião da morte de Gal escrevi neste blog sobre sua importância, que se deve, dentre outros motivos, por ser uma dessas raras artistas amadas por brasileiros de diferentes regiões, classes, posições políticas, crenças - o que nos dá uma sensação de união tão importante em tempos de esgarçamento do laço social devido ao ódio político e religioso - e, naquele texto, mencionei outra artista com este poder: justamente nossa Rita Lee. E agora a perdemos também. Muito triste ficar triste

Seu nome é Gal

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 - SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRANSLATOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - Gal Costa morreu no dia 9 de novembro aos 77 anos - a melhor e maior cantora do Brasil. Aqui deixo minha homenagem a ela. Capa do álbum Gal Tropical  (Gal COSTA, 1979) Para minha sensibilidade, houve duas cantoras espetaculares no Brasil. Gal Costa e Cássia Eller. No entanto, por ter morrido muito cedo, Cássia não pôde construir uma carreira com tantos matizes e tido tanta influência como Gal Costa. Cássia tinha um estilo agressivo, irreverente, debochado, impositivo e malandro, já Gal conseguiu construir diversas facetas interligadas ao interpretar diversos gêneros, o que lhe fez, inclusive, se tornar um dos raros casos de artista a ser ouvida por uma gama extremamente variada de brasileiros: nordestinos, 'sudestinos', pobres, ricos, brancos, pretos, cristãos, umbandistas, sofisticados, simples, heterossexuais, gays etc. Num país dividido como

Qual a mensagem de Íris?

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  - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  Íris, mensageira dos deuses  é uma escultura de Auguste Rodin, criada entre 1891 e 1894. A escolha deste nome para esta escultura é o ensejo para trazer para este blog algumas importantes discussões que atravessam o campo psicanalítico e mais um comentário, ao final, a respeito da absurda invencionice de uma graduação em psicanálise.  Íris, mensageira dos deuses  (Auguste RODIN, 1891-94) Antes de tratar da própria escultura, vale lembrar ao leitor quem é Íris, a mensageira dos deuses: na mitologia grega, Íris é, ela própria, uma deusa, que se manifesta no, e ao mesmo tempo, é o arco-íris - uma ligação entre os céus e a terra. Íris, tal como Hermes, é uma deusa mensageira, é ela quem faz a comunicação dos deuses com os humanos; o fenômeno do arco-íris era, desse modo, significado na Grécia arcaica como uma mensagem dos deuses a ser decodificada ou

O erotismo no sagrado, a adoração do profano

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 - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  Escolhi abordar um quadro de Ticiano Vecellio, mestre entre os venezianos do século XVI - e ainda atualmente um mestre - na postagem de hoje. O quadro em questão, terminado em 1515, ganhou o nome pelo qual é reconhecido hoje apenas mais de cem anos depois de terminado. Foi comprado após a morte de Ticiano, em 1608, pela poderosa família de cardeais e mecenas Borghese, e já na coleção Borghese, de 1693 em diante, é conhecido pelo título de Amor sacro e Amor profano .  Amor sacro e amor profano  (TICIANO Vecellio, 1515) O que se sabe hoje da história desta obra é que foi feita por encomenda de um noivo como presente para sua noiva tendo em vista o matrimônio próximo. Supostamente a mulher pintada vestida de branco representaria a noiva. Mas o quadro também costuma ser interpretado, e é essa a ênfase de Panofski (1979), p.e., como mais uma entre as di

A escrita afetiva de Pollock

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 - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  Hoje não escrevo sobre uma obra de arte específica, mas sim sobre a obra, a produção de uma trajetória de vida artística, de Jackson Pollock. Um. Número 31  (Jackson POLLOCK, 1950) Pollock foi um pintor estadunidense do século XX, cuja maior produção foi feita nos anos 40 e 50, interrompida por sua morte precoce. Quem já se deparou com um quadro de Pollock, geralmente de tamanho monumental, não sai ileso. É impactante. Quem já leu ou viu registros do seu processo criativo também. Pollock pintava com a tela no chão, deixava a tinta pingar, atacava a tela com movimentos de violentos a sensuais numa espécie de transe extático, uma dança agressiva cujo resultado vemos nos mais diversos museus de arte moderna do mundo - e hoje também na louvada internet . Aliás, a mistura de violência e sensualidade é o nosso assunto de hoje. Pollock pintando Se