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Mostrando postagens de novembro, 2021

Reconhecer o trauma, cuidar da ferida na Mão

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 - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  Mão  é o nome da escultura monumental, de sete metros de altura, que integra o conjunto arquitetônico do Memorial da América Latina (1989), projetado por Oscar Niemeyer, na cidade de São Paulo. Apesar do conjunto todo ser impressionante, apesar do conjunto de toda a obra de Niemeyer ser espetacular, me detenho em sua Mão . Ela é importante para nosso agora. Mão  (Oscar NIEMEYER, 1989) A mão em questão é uma escultura, porém ela foi projetada por um arquiteto, e, por isso, deve ser pensada, também, arquitetonicamente. Não só por ser monumental, mas também por estar situada precisamente numa praça em que dialoga com todo o conjunto de edifícios do Memorial da América Latina e - na verdade - funciona  mesmo como elemento harmonizador, de unificação do espaço, como também tem a função de revelar o próprio sentido de ali haver este tal Memorial. Se os

O jardim francês e a semeadura do eu

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 - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  Hoje o assunto são os jardins franceses. Ou melhor: o que os jardins franceses têm a ver com o modo como nos relacionamos conosco no ocidente...ao menos desde o século XVII. Jardins de Vaux-le-Vicomte (André LENÔTRE, 1657) Os jardins franceses que surgiram naquele século são marcados pela simetria, proporção, perspectiva e organização racional do espaço. A natureza - as plantas, águas, pedras, terra - é investida pelo nascente homem moderno como objeto de seu domínio; aqueles jardins eram a materialização do sonho moderno: tornar a natureza racionalizada e dominada, dobrada à vontade do homem. São diferentes dos jardins renascentistas italianos, nos quais, mesmo já havendo um gosto pela racionalidade, o todo era marcado pela experiência de uma idealização da alegria, havia um certo culto à efusão afetiva; são diferentes também dos posteriores ja

Divulgação

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 - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  https://youtu.be/yuBATxj-f20 Capa de História da sexualidade 1: a vontade de saber  de Michel Foucault, 1976, edição da Graal Participação minha com palestra no projeto de extensão "Grupo de Estudos Introdução ao Pensamento de Michel Foucault" (UFF - IHS - RPS) que promove, entre os dias 05/11 e 17/12, o "2º Encontro de estudos sobre Michel Foucault", sob a temática "Corpo e Vida em Foucault". Grupo organizado pelos colegas de departamento Alessandra Daflon dos Santos e Márcio Luiz Miotto. O evento é aberto a todos. Inscrições: https://forms.gle/9RD6jbjZBFuPTbF29 Programação no Instagram: https://www.instagram.com/jaguardofuco/ Dúvidas: gefoucaultuffro@gmail.com

A escrita afetiva de Pollock

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 - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  Hoje não escrevo sobre uma obra de arte específica, mas sim sobre a obra, a produção de uma trajetória de vida artística, de Jackson Pollock. Um. Número 31  (Jackson POLLOCK, 1950) Pollock foi um pintor estadunidense do século XX, cuja maior produção foi feita nos anos 40 e 50, interrompida por sua morte precoce. Quem já se deparou com um quadro de Pollock, geralmente de tamanho monumental, não sai ileso. É impactante. Quem já leu ou viu registros do seu processo criativo também. Pollock pintava com a tela no chão, deixava a tinta pingar, atacava a tela com movimentos de violentos a sensuais numa espécie de transe extático, uma dança agressiva cujo resultado vemos nos mais diversos museus de arte moderna do mundo - e hoje também na louvada internet . Aliás, a mistura de violência e sensualidade é o nosso assunto de hoje. Pollock pintando Se

Máximas e reflexões e seu caleidoscópio de associações

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 - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  Hoje me dedico um pouco a falar com vocês do ótimo livro Máximas e reflexões (1893) , coleção de pequenas elaborações do poeta, dramaturgo, filósofo, botânico e mineralogista, o genial Johann Wolfgang von Goethe, produzidas ao longo de toda sua vida e obra: aliás, vida e obra, no caso de Goethe, não são tão dissociadas assim . Máximas e reflexões  é uma boa amostragem dos interesses e talentos múltiplos do maior nome da literatura alemã. Definir do que trata esta obra já é um desafio. Ali se encontram temas como o método científico, o papel do gênio na arte, reflexões filosóficas sobre a natureza, opiniões sobre a obra de Shakespeare, provérbios, estudos sobre os cristais, discussões sobre ética etc. Capa do livro Máximas e reflexões ( GOETHE, 1893, póstuma), edição da Forense Universitária Goethe acumulou estas notas ao longo de toda sua vida, d

Ouvir a própria morte em Blackstar

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 - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  Blackstar  foi o último álbum de David Bowie, lançado em 8 de janeiro de 2016, dois dias antes de sua morte. É impressionante o quanto o álbum é sombrio, triste, por vezes melancólico - a morte é escutada o tempo inteiro em cada uma de suas canções. Bowie sabia que ia morrer de câncer e fez um álbum sobre sua morte, ao mesmo tempo uma despedida, um lamento, um olhar corajoso em direção à própria finitude, um último suspiro. Isso é raro de acontecer: alguém admitir a si mesmo que vai morrer e produzir uma excelente e verdadeira obra para compartilhar isso com os outros. Capa do álbum Blackstar  (David BOWIE, 2016) Sim, o álbum de Bowie é excelente. Em minha opinião, dentre os mais de 20 álbuns do rockeiro inglês, este é o terceiro melhor, ficando atrás apenas do clássico The rise and fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars  (1972) e do n