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Mostrando postagens com o rótulo Psicanálise

Revisitando fragmentos para fazer o luto - homenagem aos que foram e abraço em que fica e luta

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 -   IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN - Quadrado preto sobre fundo branco (Kazimir MALEVITCH, 1918) Tendo em vista uma sucessão de problemas que se colocaram diante de mim nos últimos dias - doença na família, início da greve dos professores da UFF marcada para a próxima segunda-feira, morte do marido de uma querida amiga e colega de trabalho na UERJ, seguida da morte de um grande amigo, membro e ex-presidente do Espaço brasileiro de estudos psicanalíticos do Rio de Janeiro (EBEP-RJ), Júlio Bandeira de Mello (a quem dedico o que foi possível trabalhar hoje, entretanto sabendo que Júlio merece bem mais), além de eu mesmo (que não sou de ferro) ter ficado bastante gripado, mas aviso que já estou sarando -, o que consegui fazer neste blog foi o seguinte: a) Revisitar todas as postagens até hoje publicadas e, nelas fazer correções de eventuais erros de informação, inserir referências bibl

Diagnóstico em/ou psicanálise

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Composição com vermelho, azul, amarelo e preto (Piet MONDRIAN, 1921)  -   IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN - De tempos em tempos os alunos de graduação em psicologia demonstram um grande interesse na prática diagnóstica e me pedem para falar sobre o diagnóstico em psicanálise. Decidi falar disso hoje, então, aproveitando a data comemorativa de dois breves textos de Freud sobre o assunto, que comemoram 100 anos em 2024: "Neurose e psicose" (FREUD, 1924a) e "A perda da realidade na neurose e na psicose" (id., 1924b). Porém pretendo, ao longo do texto, comentar criticamente este anseio por diagnóstico que vemos não só entre estudantes de psicologia, mas também entre pacientes, escolas, empresas e outras instituições.  Antes de tudo, é preciso dizer que os psicanalistas diagnosticam os sofrimentos psíquicos de modo muito diferente dos psiquiatras e dos psicólogos, embora

A felicidade de Wim Wenders

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 -   IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN - Ainda está em cartaz, nos cinemas, o último filme de Wim Wenders, Dias perfeitos (2023). Lindo filme que, creio, recoloca em cena uma discussão antiga, batida e, no entanto, sempre atual, a respeito da felicidade. O filme é uma sensível crítica ao sonho hegemônico de felicidade, repetidas vezes encenado nas telas de nosso mundo contemporâneo, seja nos sonhos noturnos e devaneios, nas imagens de propaganda comercial, nas fotografias, na internet , na TV ou no cinema. Desse modo, Dias perfeitos é um filme construído contra ou apesar do imaginário reiterado pela maior parte dos filmes que chegam aos nossos olhos. E, ao ser um olhar diferente a respeito da felicidade, reabre discussões encetadas também no campo psicanalítico. O que se lerá a seguir, inclui muita informação sobre o filme. Quem não gosta de spoilers antes de ver a obra, esteja já adve

100 anos de masoquismo primário

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  -   IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN - Há 100 anos Freud publicava o artigo "O problema econômico do masoquismo" (FREUD, 1924), texto importante na reformulação teórica da clínica psicanalítica desencadeada pela observação de que repetimos compulsivamente experiências de desprazer. Esta constatação levou Freud a considerar a possibilidade de haver uma pulsão de morte, em Além do princípio do prazer  (id., 1920). O artigo de 1924 dá prosseguimento às reconfigurações conceituais iniciadas quatro anos antes, naquele trabalho, mas demarca mais um passo fundamental. Meu interesse hoje é demonstrar a potência deste texto psicanalítico para pensarmos a experiência político-cultural atual. Ano passado tentei demonstrar como o livro de Freud que fazia seu centenário naquele ano trouxe uma complexidade à concepção de aparelho psíquico não antes ensaiada. Me refiro a O eu e o isso (i