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Mostrando postagens com o rótulo Fantasia

O ovo da serpente na iconografia idealizada de Tiradentes

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 - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  Dia 21 de abril foi o feriado de Tiradentes, como qualquer brasileiro sabe. Data de sua morte por enforcamento, seguido de esquartejamento, por parte do poder soberano monárquico português. Tiradentes hoje é  o patrono das polícias civis e militares brasileiras. Como isso foi possível? Como um conspirador contra o poder soberano se tornou o patrono do atual braço do poder estatal brasileiro que mais mata quem o desrespeita? No texto de hoje pretendo discutir parte da iconografia construída em torno da figura do alferes mineiro e mostrar como ela foi útil ao poder. No Rio de Janeiro, em frente ao Palácio Tiradentes, atual sede do poder legislativo estadual, encontra-se uma escultura que representa nosso personagem como um homem aparentemente idoso, com barbas longas, austero e altivo, olhando para o alto, coberto com um manto mas deixando aparecer s

Sobre o consumo das crianças oitentistas

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 - SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRANSLATOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - Os constantes lançamentos, por parte da indústria do entretenimento dos EUA, de produtos que evocam, por sua vez, outros produtos lançados na década de 1980 é o foco do texto de hoje. Roupas, brinquedos, filmes, séries de TV, músicas: vê-se, nos últimos anos, como uma quantidade importante destes produtos se refere aos anos 80. Mas se observarmos mais cuidadosamente, aquilo dos anos 1980 que retorna são produtos destinados às crianças da época, como se percebe claramente nas inúmeras continuações, animações, brinquedos, enfeites, roupas, séries de TV, livros etc. relacionados a filmes como Star Wars  (LUCAS, 1977), Caçadores da arca perdida  (SPIELBERG, 1981), E.T. - o extraterrestre  (id., 1982),  O exterminador do futuro  (CAMERON, 1984), Os caça-fantasmas  (REITMAN, 1984) ou Predador  (MCTIERNAN, 1987).  Cartaz virtual de divulgação da série de TV St

Sublimação, criação e o trabalho analítico

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  - SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRANSLATOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - Tenho escrito neste blog semanalmente desde novembro passado e, até agora, pouco falei de um conceito crucial em psicanálise quando o assunto em questão é arte ou cultura. Me refiro à sublimação. Depois de quase oito meses de blog, então, me dedico a escrever sobre este conceito. Auto-retrato  (Leonardo DA VINCI, 1520), o genial artista e cientista cuja obra influenciou Freud no desenvolvimento do conceito de sublimação  O que se segue é um resumo do que desenvolvo numa parte de meu livro Psicanálise, criatividade e depressão: um estudo sobre as subjetividades na cultura neoliberal  (CATTAPAN, 2021), que completa um ano de publicação. O primeiro registro do uso, por parte de Freud, ao escrever sobre psicanálise , do termo sublimação é a "Carta 61" do autor a seu interlocutor e amigo, Wilhelm Fliess. O termo surge relacionado ao desenvolvime

Get Back: De volta ao infantil

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 - SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRANSLATOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - Quem assistiu à série de três documentários assinados por Peter Jackson intitulada Get Back  (2021), a respeito do processo de gravação, por parte dos Beatles, em 1969, do que veio a ser o álbum Let it be  (BEATLES, 1970) e que já tenha visto o documentário de Michael Lindsay-Hogg Deixa estar  (1970), talvez não tenha visto grandes novidades, mas elas estão lá... Poster promocional do filme Get Back  (Peter JACKSON, 2021) O trabalho de Jackson foi realizado da seguinte maneira: o diretor neozelandês se debruçou sobre o imenso material gravado por Lindsay-Hogg na época, cujo resultado foi a utilização de uma ínfima parte para a realização de Deixa estar . Aparentemente a intenção de Jackson era, ao revisitar e reeditar o material, tentar imprimir ao filme uma imagem diferente da do documentário original. O filme de Lindsay-Hogg nos mostra os Beatles num

Para os ressentidos, as loiras!

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  - SE VOCÊ QUISER LER ESTE TEXTO EM SEU IDIOMA, PROCURE A OPÇÃO "TRADUTOR" (TRADUTOR) NO CANTO SUPERIOR ESQUERDO DA TELA - Recentemente, o deputado estadual pelo estado de São Paulo, do partido Podemos e membro do MBL, Arthur do Val, vulgo 'Mamãe Falei', teve alguns áudios de Whatsapp grosseiros (para dizer o mínimo) vazados. O contexto era o seguinte: ele e seu colega de MBL Renan Santos viajaram para a Ucrânia alegando oferecer ajuda humanitária ao povo daquele país. Mas o que se escuta nos áudios nada tem a ver com ajuda humanitária nenhuma; neles Arthur não sabe ao certo em que fronteira está, mas tem certeza quanto a um assunto - que retornará à Ucrânia em 2023...não para fornecer ajuda humanitária, mas para fazer turismo sexual com as loiras ucranianas que seriam "fáceis porque são pobres" (sic) e ainda descreveu algumas fantasias sexuais que se disporia a realizar com elas que não estou muito interessado em reproduzir aqui. Como se sabe, a repercus

O jardim francês e a semeadura do eu

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 - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  Hoje o assunto são os jardins franceses. Ou melhor: o que os jardins franceses têm a ver com o modo como nos relacionamos conosco no ocidente...ao menos desde o século XVII. Jardins de Vaux-le-Vicomte (André LENÔTRE, 1657) Os jardins franceses que surgiram naquele século são marcados pela simetria, proporção, perspectiva e organização racional do espaço. A natureza - as plantas, águas, pedras, terra - é investida pelo nascente homem moderno como objeto de seu domínio; aqueles jardins eram a materialização do sonho moderno: tornar a natureza racionalizada e dominada, dobrada à vontade do homem. São diferentes dos jardins renascentistas italianos, nos quais, mesmo já havendo um gosto pela racionalidade, o todo era marcado pela experiência de uma idealização da alegria, havia um certo culto à efusão afetiva; são diferentes também dos posteriores ja