Revisitando fragmentos para fazer o luto - homenagem aos que foram e abraço em quem fica e luta

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Quadrado preto sobre fundo branco (Kazimir MALEVITCH, 1918)

Tendo em vista uma sucessão de problemas que se colocaram diante de mim nos últimos dias - doença na família, início da greve dos professores da UFF marcada para a próxima segunda-feira, morte do marido de uma querida amiga e colega de trabalho na UERJ, seguida da morte de um grande amigo, membro e ex-presidente do Espaço brasileiro de estudos psicanalíticos do Rio de Janeiro (EBEP-RJ), Júlio Bandeira de Mello (a quem dedico o que foi possível trabalhar hoje, entretanto sabendo que Júlio merece bem mais), além de eu mesmo (que não sou de ferro) ter ficado bastante gripado, mas aviso que já estou sarando -, o que consegui fazer neste blog foi o seguinte:

a) Revisitar todas as postagens até hoje publicadas e, nelas fazer correções de eventuais erros de informação, inserir referências bibliográficas mais precisas quanto às datas de publicação, ajustar a forma - incluindo gramática e sintaxe - e, às vezes, acrescentar um ou outro parágrafo.

b) Mas, tendo em vista os diversos encontros não marcados com a morte que ocorreram nos últimos dias, me peguei me debruçando com esmero sobre alguns de meus primeiros posts neste blog - anteriores à publicação que o tornou muito acessado, "Trompe l'oeil na formação de psicanalistas" -, que tratavam, de um modo ou de outro, do tema da morte. Fiz, naqueles textos, não pequenas, mas grandes alterações, incrementando-os e me fazendo querer compartilhá-los novamente (ou talvez pela primeira vez) com os leitores. Entendo que isso é parte do meu trabalho de luto pelas perdas, mas quero tornar estes textos rejuvenescidos objetos de leitura também como um modo de acariciar e homenagear aqueles que adoeceram, faleceram e também a seus entes queridos - que também são queridos por mim. De certa maneira, até a intercorrência que não parece ter a ver com adoecimento e/ou morte - a greve de professores -, supõe um trabalho de luto: para que os professores pudessem tomar a difícil decisão de fazer greve num governo que, supostamente, não tornaria uma greve necessária, foi preciso também que certa imagem se quebrasse, que algo morresse e que um trabalho de elaboração tivesse início. Mas o acento do post de hoje não é sobre conjuntura política, é mesmo sobre perdas, danos e luto.

Menciono nominalmente, neste contexto, somente Júlio Bandeira de Mello por dois motivos: a) não sei se me autorizariam mencionar os outros nomes; b) eu mesmo me autorizo mencionar Júlio, posto que entramos concomitantemente no EBEP-RJ como membros, em 2005, e, de lá para cá, desenvolvemos, nesta ordem: i) uma amizade, em seguida, também ii) respeito político e institucional (tendo em vista que compusemos Conselhos Deliberativos conjuntamente, incluindo o do período em que Júlio foi nosso presidente, mas também no convívio político institucional do cotidiano de grupos de trabalho, assembleias e jornadas) e, ao mesmo tempo, iii) respeito e admiração no e pelo próprio ofício da psicanálise, o que se expressou na escuta genuína de um e outro no Grupo de Trabalho de Clínica e no encaminhamento frequente, de um para o outro, de analisantes, o que, evidentemente, implicava confiança mútua. 

Como disseram seus entes queridos no funeral: Salve Júlio!

A seguir, indico os links dos textos que quero dedicar a Júlio, a outros não mencionados textualmente e ao trabalho de luto que todo mundo - o EBEP-RJ também - tem que viver em algumas ou várias horas de suas vidas:

1)  Ouvir a própria morte em Blackstar (psicanalisearteeculturacattapan.blogspot.com)

2) Uma pressão surda (psicanalisearteeculturacattapan.blogspot.com)

3) Máximas e reflexões e seu caleidoscópio de associações (psicanalisearteeculturacattapan.blogspot.com)

4) Reconhecer o trauma, cuidar da ferida na Mão (psicanalisearteeculturacattapan.blogspot.com)

5) O Cristo trágico contra o sucesso em Cristo (psicanalisearteeculturacattapan.blogspot.com)

Espero que estes textos também auxiliem o trabalho de luto dos leitores diante das inevitáveis perdas que o tempo nos traz para que a vida continue a florescer. Um abraço!

Dez girassóis numa jarra (Vincent VAN GOGH, 1888)

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