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O Cristo trágico contra o sucesso em Cristo

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 - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  Entre o Natal e o Ano Novo não há mais como desviar do tema do nascimento de Jesus Cristo. Ou melhor, um pequeno desvio ainda se faz - sim, hoje comentarei uma obra estética que discute a vida de Cristo, porém não seu nascimento; o assunto é mesmo sua vida e morte como filho de Deus. A obra é o filme A última tentação de Cristo , de Martin Scorsese, lançada em 1988. Capa do DVD de A última tentação de Cristo  (Martin SCORSESE, 1988) O filme, inspirado no livro de Nikos Kazantzákis, A última tentação (1952), é, provavelmente, a melhor obra cinematográfica a respeito de Jesus Cristo. Ali vemos Jesus como um humano que, por ser filho de Deus, sofre profundamente de uma divisão psíquica : Sou santo ou sou um humano comum? O que desejo ? Atender à vontade do Pai ou seguir outro caminho? Esse sujeito dividido entre o desejo do Outro e aquilo que se...

Uma pressão surda

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 - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  Estamos nos aproximando do Natal e, por isso, me senti impelido a comentar e pensar a partir de alguma obra de arte que diga respeito a essa época do ano. Todavia, não se trata de uma obra natalina. Dia 22 de dezembro é a data de aniversário da primeira apresentação da Quinta Sinfonia de Beethoven, talvez sua mais famosa obra. No próximo dia 22, a obra fará 213 anos. Vida longa a ela e a Ludwig van Beethoven! Ludwig van Beethoven  (Karl STIELER, 1820) Uma obra que se move da alta tensão à solenidade, à leveza e à grandiosidade. Mas, tomada como um todo, é certamente marcada pela tensão inicial, de cabo a rabo (ou à coda ). Não à toa, seu primeiro movimento é o mais famoso, mais marcante: a frase simples, ritmada, insistente, que abre a sinfonia, jamais é realmente abandonada; outros temas surgem, mas sempre dialogando, repetindo, dando indícios...

RPG e castração

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 - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  O nome deste blog é Psicanálise, arte e cultura , é verdade... no entanto, hoje não tratarei exatamente de uma experiência artística, mas, sem dúvida, ainda assim, de uma experiência cultural estética contemporânea, que são os jogos do tipo RPG ( Role-Playing Games ).  É verdade que muitos destes jogos foram inspirados por trabalhos artísticos da literatura e do cinema, como a trilogia O senhor dos anéis  de J.R.R. Tolkien (1954-55) ou a obra de H.P. Lovecraft  O chamado do Cthulu  (1928), e também inspiraram obras literárias, como a do escritor brasileiro contemporâneo Eduardo Spohr (2007-) mas meu interesse maior no texto de hoje recai sobre a experiência estética dos jogos, que implica uma certa dramaturgia, e não nas referências que os inspiraram ou se inspiraram neles. J.R.R. Tolkien Para quem não os conhece, é preciso escla...

Édipo de trás para frente: da cegueira aos pés tortos

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 - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  Estava demorando, mas o famoso Édipo aparece agora aqui neste blog . É um lugar-comum associar o discurso psicanalítico ao herói grego; há mesmo quem reduza toda a obra teórica psicanalítica ao Complexo de Édipo. Minha intenção é tomar a tragédia de Sófocles, Édipo Rei (~427 a.c.), e, a partir dela, explorar o tema edipiano por outra via - ao contrário. Édipo e a Esfinge  (Gustave MOREAU, 1864) Freud cunhou o termo Complexo de Édipo para delinear um grupo de fantasias e associações psíquicas que geralmente acomete as crianças por volta de seus 4-5 anos e marca nossas vidas desde então até a morte. Seriam fantasias de incesto com a mãe e de parricídio imiscuídas a fantasias de incesto com o pai e rejeição da mãe, em geral relacionadas também ao Complexo de castração : o conjunto de angústia , inveja e soluções diversas para o desejo que o ...

Reconhecer o trauma, cuidar da ferida na Mão

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 - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  Mão  é o nome da escultura monumental, de sete metros de altura, que integra o conjunto arquitetônico do Memorial da América Latina (1989), projetado por Oscar Niemeyer, na cidade de São Paulo. Apesar do conjunto todo ser impressionante, apesar do conjunto de toda a obra de Niemeyer ser espetacular, me detenho em sua Mão . Ela é importante para nosso agora. Mão  (Oscar NIEMEYER, 1989) A mão em questão é uma escultura, porém ela foi projetada por um arquiteto, e, por isso, deve ser pensada, também, arquitetonicamente. Não só por ser monumental, mas também por estar situada precisamente numa praça em que dialoga com todo o conjunto de edifícios do Memorial da América Latina e - na verdade - funciona  mesmo como elemento harmonizador, de unificação do espaço, como também tem a função de revelar o próprio sentido de ali haver este tal Me...

O jardim francês e a semeadura do eu

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 - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  Hoje o assunto são os jardins franceses. Ou melhor: o que os jardins franceses têm a ver com o modo como nos relacionamos conosco no ocidente...ao menos desde o século XVII. Jardins de Vaux-le-Vicomte (André LENÔTRE, 1657) Os jardins franceses que surgiram naquele século são marcados pela simetria, proporção, perspectiva e organização racional do espaço. A natureza - as plantas, águas, pedras, terra - é investida pelo nascente homem moderno como objeto de seu domínio; aqueles jardins eram a materialização do sonho moderno: tornar a natureza racionalizada e dominada, dobrada à vontade do homem. São diferentes dos jardins renascentistas italianos, nos quais, mesmo já havendo um gosto pela racionalidade, o todo era marcado pela experiência de uma idealização da alegria, havia um certo culto à efusão afetiva; são diferentes também dos posteriores ja...

Divulgação

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 - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  https://youtu.be/yuBATxj-f20 Capa de História da sexualidade 1: a vontade de saber  de Michel Foucault, 1976, edição da Graal Participação minha com palestra no projeto de extensão "Grupo de Estudos Introdução ao Pensamento de Michel Foucault" (UFF - IHS - RPS) que promove, entre os dias 05/11 e 17/12, o "2º Encontro de estudos sobre Michel Foucault", sob a temática "Corpo e Vida em Foucault". Grupo organizado pelos colegas de departamento Alessandra Daflon dos Santos e Márcio Luiz Miotto. O evento é aberto a todos. Inscrições: https://forms.gle/9RD6jbjZBFuPTbF29 Programação no Instagram: https://www.instagram.com/jaguardofuco/ Dúvidas: gefoucaultuffro@gmail.com

A escrita afetiva de Pollock

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 - IF YOU WANT TO READ THIS TEXT IN YOUR LANGUAGE, SEARCH FOR THE OPTION "Tradutor" (Translator) IN THE TOP LEFT OF THE SCREEN -  Hoje não escrevo sobre uma obra de arte específica, mas sim sobre a obra, a produção de uma trajetória de vida artística, de Jackson Pollock. Um. Número 31  (Jackson POLLOCK, 1950) Pollock foi um pintor estadunidense do século XX, cuja maior produção foi feita nos anos 40 e 50, interrompida por sua morte precoce. Quem já se deparou com um quadro de Pollock, geralmente de tamanho monumental, não sai ileso. É impactante. Quem já leu ou viu registros do seu processo criativo também. Pollock pintava com a tela no chão, deixava a tinta pingar, atacava a tela com movimentos de violentos a sensuais numa espécie de transe extático, uma dança agressiva cujo resultado vemos nos mais diversos museus de arte moderna do mundo - e hoje também na louvada internet . Aliás, a mistura de violência e sensualidade é o nosso assunto de hoje. Pollock pintando ...