Prevenção ou desejo: duas concepções diferentes da vida e do combate ao suicídio
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Como muitos sabem, desde 2015, aqui no Brasil, tem-se aproveitado o mês de setembro como momento dedicado à campanha 'Setembro Amarelo' para a prevenção do suicídio - pois o 10 de setembro é o 'Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio'. Não se trata de uma campanha oficial, mas de uma iniciativa tomada pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) abraçada por muita gente, inclusive pelo poder público de aqui e acolá em território nacional.
Apesar de os brasileiros não gostarem nem quererem falar de assunto tão triste, pesado e indigesto (ou, talvez, precisamente por isso), segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) o Brasil está em oitavo dentre os países com maior número de suicídios por ano. Pode-se argumentar que a lista é, obviamente, composta pelas maiores populações do mundo - e isso é verdade. Mas se o leitor ficar sabendo que, segundo os números oficiais do governo (e sabemos como é provável que estes números tendam a não incluir todos os casos, uma vez que há situações em que nunca temos certeza de que o que houve foi um suicídio) em média 32 brasileiros se matam por dia, ficará certamente impressionado. Há mais óbitos por suicídio que por câncer em nosso país!
O estado brasileiro com a maior média de suicídios per capta é o Rio Grande do Sul e o que tem a menor média é onde moro, o Rio de Janeiro. Todavia, não é porque a média por aqui seja muito mais baixa do que em outros estados - o que deveria ser (se já não é) objeto de pesquisa: 'Porque será que no RJ há menos suicídios que em outros estados, uma vez que, por exemplo, está longe de ser o estado com a melhor qualidade de vida, com os números mais altos de IDH, a maior renda per capta etc.?' - que o assunto não apareça frequentemente na clínica psicanalítica. Se eu considerar unicamente o microcosmo do Serviço de Psicologia Aplicada (SPA) da Universidade Federal Fluminense (UFF) de Rio das Ostras, onde dou supervisão de atendimentos psicanalíticos realizados por estagiários em psicologia, nos últimos anos houve um aumento alarmante de ideações suicidas, depressões graves e discursos de desalento por parte dos pacientes.
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Sem título (Mark ROTHKO, 1950-52, cuja morte foi por suicídio) |
No entanto, sei que não se trata de um fenômeno somente local pois colegas professores de psicologia de uma importante universidade particular do município do Rio de Janeiro foram convocados pela administração para construir mecanismos de lida e tratamento de um número crescente de estudantes que apresentavam o mesmo quadro. Acrescento, ainda, que tanto eu como alguns colegas docentes do curso de psicologia da UFF de Rio das Ostras estamos observando que há muitos discentes desanimados, evadindo a universidade, faltando, que desenvolveram poucos laços e consideramos esta situação preocupante tendo em vista o óbvio contraste com o que observávamos antes da pandemia de COVID-19. A pandemia de 2019-23, como bem mostrou Joel Birman (2021), tornou ainda maior o isolamento social de muita gente, tornou o trabalho de luto de algumas mortes dificultado por conta da não realização de rituais fúnebres, escancarou o desamparo e a fragilidade humana diante de um vírus invisível e altamente transmissível, colocou para muita gente uma parada forçada para se pensar em qual o sentido de nossa existência. Desalento, depressão e tentativas de suicídio, que já eram uma realidade nacional, se agudizaram.
À respeito do tema do suicídio, é inevitável lembrar, ainda, que o edifício da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) foi, durante muito tempo, lugar de onde muita gente se jogou como tentativa de suicídio, se lançando pelos vãos entre as escadas e caindo de uma altura da qual a queda levaria à morte certa. Quando fiz meu doutorado lá, entre 2005 e 2009, no Instituto de Medicina Social (IMS), falava-se com muita dificuldade sobre o assunto; voltei à UERJ recentemente, há 2 anos, na condição de professor do Programa de Pós-Graduação em Psicanálise e Políticas Públicas e me surpreendi com uma nova medida de segurança para impedir suicídios ali: em todos os espaços de onde seria possível um corpo humano se jogar foram colocadas redes de proteção.
O tema da rede de proteção é o que mais me interessa no texto de hoje, mas, antes, meu comentário sobre a UERJ não estaria completo se eu não lembrasse que lá vige, desde 2008, o programa de extensão Pela Vida, originalmente idealizado por Christina Maioli e posteriormente tocado por Ana Maria Feijoo, cujo objetivo é exatamente o do combate ao suicídio, sobretudo, mas não só, na comunidade acadêmica "através do desencadeamento de ações efetivas que assegurem a eliminação de condições propiciadoras de suicídios..." (FEIJOO, 2023, p.1), destacando dentre essas ações a triagem e atendimento clínico de pessoas envolvidas com ideações ou tentativas de suicídio.
Retomo agora minha questão referente à rede de proteção. Por mais louvável que seja o Setembro Amarelo, há nele algo que precisa ser problematizado: a prevenção, ou melhor - o desenvolvimento de uma tecnologia de prevenção. Já escrevi algo sobre o assunto há um certo tempo - "Moralização do suicídio?" (CATTAPAN, 2012) - que teve desdobramentos em debates na UNISINOS, em Novo Hamburgo-RS, e no IFEN, no Rio de Janeiro. Eu mostrava como lidar com prevenção supõe, em geral, lidar com um controle sobre os indivíduos suicidas potenciais; supõe tomar dados estatísticos sociais, econômicos, culturais, tipos de comportamento e traços de caráter, como índices de chance de alguém se suicidar. Para surpresa de quase ninguém, os dados acumulados e interpretados (ao menos já desde O suicídio [1897], clássico de Émile Durkheim, mesmo que este autor tenha sublinhado o componente social da anomia) identificam os deprimidos como aqueles com mais chances de tentar suicídio.
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Émile Durkheim, 1917 (BETTMAN Archive) |
Ao se buscar redes de proteção contra o suicídio, não somente as físicas - como a da UERJ ou a dos apartamentos com crianças pequenas, por medo de que elas se lancem pelas janelas - o público alvo da vigilância contra o suicídio costuma ser o dos indivíduos diagnosticados pelo campo médico como deprimidos. A prevenção facilmente se conjuga em controle quando a rede é composta por medicação psiquiátrica, psicoterapia, visitas domiciliares de assistentes sociais e fichamento policial. Outro método preventivo é a tentativa de convencer o deprimido de que a vida é boa e vale a pena ser vivida: isso está presente em diversas práticas psicoterápicas, passando pelo campo da autoajuda, dos coaches e do discurso religioso (sendo que este último se vale também, quando islamo-cristão, da ameaça do Inferno para quem se matar).
É numa espécie de combinação de poder do soberano (FOUCAULT, 1972) e biopolítica (id., 1976) que devemos compreender este fenômeno. Ora se considera que o suicídio é uma ofensa a Deus ou mesmo à sociedade como um todo, ora ele é visto como um fracasso de uma sociedade que deveria promover a vida. Tanto as tentativas de convencimento a não se matar quanto as intervenções mais agressivas como a ameaça do Inferno, a farmacologia ou a internação, não colocam em questão o que está sendo chamado de vida.
Numa perspectiva biopolítica a vida biológica é o alvo do poder: devemos ter bons nascimentos, bom desenvolvimento, boa saúde, em nome da produção e da capitalização da força vital: todo um desenvolvimento econômico se dá na lógica biopolítica e através de uma tecnologia orientada por ela: ergonomia, educação física, medicina, nutrição, formação permanente através de diversos tipos de adestramento. Além disso, todo um modo de produção de capital e de controle se dá através de tecnologias biopolíticas; a mais-valia, a própria extração de lucros por parte do capitalista é, como Marx bem descreveu, proveniente da força de trabalho do trabalhador assalariado (MARX, 1867); mas além disso, Foucault sublinha o desenvolvimento do negócio saúde e das técnicas de gestão populacional como ordenados biopoliticamente (FOUCAULT, 1976): os negócios dos seguros, dos planos de saúde, da indústria farmacológica, a gestão de populações através de dados como taxas de natalidade, mortalidade, áreas de risco, do mesmo modo a gestão de epidemias, pandemias e catástrofes naturais ou guerras, cada um à sua maneira extrai lucros ou administra a extração de lucros por outrem, do capital humano. Lucra-se com o corpo humano vivo, com saúde e produtivo, útil - e, de preferência, para a utilidade ser maior, é bom que ele seja dócil: daí práticas de disciplinamento de corpos costumam ser empregadas na gestão biopolítica.
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Cena de Seppuku (Xilogravura Ukyio-e do período Edo, 1850-60) |
O deprimido não é útil socialmente e é difícil discipliná-lo. Ele se torna, desta maneira, ao mesmo tempo um problema e um objeto constante de intervenções, tornando-se o anormal do século XXI (CATTAPAN, 2021). Mas seu suicídio revela o fracasso da gestão biopolítica. É por isso que toda uma tecnologia é destinada a controlá-lo, quem sabe até curá-lo e torná-lo útil? Mas a vida oferecida como alternativa ao deprimido - e será somente a ele? - é a da produção, da saúde e da duração de uso. Será este o único sentido possível a ser dado a uma vida?
Sabemos que não. Darei alguns poucos exemplos históricos: 1) na Roma antiga e em particular entre os estoicos, uma vida só tinha sentido enquanto houvesse utilidade social àquela existência; a continuidade de uma vida após se ter exercido sua função pública era abandonar o governo racional de si e ser gerido pelas paixões egoístas que insistem em fazer um corpo durar mesmo que não tenha mais serventia cultural, daí uma preparação para a morte, uma elaboração da decisão de morrer como uma realização de uma obra, uma morte que seria voluntária e racionalmente avaliada e realizada (SÊNECA, 65 a.C.; FOUCAULT, 1981-82; VEYNE, 1993). 2) Na cultura japonesa tradicional, a decisão de se matar em nome de valores sociais era uma prática instituída; isso se explicita tanto no suicídio ritual do seppuku, no qual, após uma grande vergonha pública, para livrar sua família da mancha que recairia sobre ela, o indivíduo tirava sua própria vida publicamente limpando com tal ato, a de seus descendentes; quanto nos mais recentes pilotos kamikaze, que, na Segunda Guerra Mundial, se lançavam com seus caças sobre navios de guerra americanos, matando-se mas levando junto muitos inimigos, em nome da vitória do Imperador e do Império. 3) Após Goethe publicar seu O sofrimento do jovem Werther (1774), em terras de língua alemã houve suicídios em massa de jovens homens que se identificavam ao protagonista da obra inauguradora do Romantismo (GUSDORF, 1981); o suicídio fora estetizado, passou a ser tomado como um destino que daria sentido estético a uma existência que durou por todo o período romântico e ainda hoje reaparece, por exemplo, no mundo do rock'n'roll no qual há mesmo todo um culto em torno dos 7 artistas que morreram aos 27 anos - nem todos por suicídio, mas todos de morte violenta ou trágica -, são eles Robert Johnson, Brian Jones, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Kurt Cobain e Amy Winehouse.
A utilidade e docilidade está, de certo modo, presente nos dois primeiros exemplos, o romano e o japonês, mas a vida útil e dócil não é a vida biológica e sim a vida qualificada, moral, cultural. No que diz respeito ao Romantismo, aí estamos de fato num estilo de vida que conscientemente antagoniza com o biopolítico, embora não o ultrapasse - parece às vezes, até mesmo se estetizar como um gozo por ser derrotado, por ser vítima da sociedade, como se lê, por exemplo, na obra de Antonin Artaud Van Gogh: o suicidado da sociedade (1947).
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Janis Joplin, 1970 (ALAMY Stock photo) |
Friedrich Nietzsche critica o que ele chama de niilismo romântico presente mesmo na obra de seu outrora mestre Arthur Schoppenhauer (SCHOPPENHAUER, 1818; NIETZSCHE, 1874; id.,1883; id., 1900) e pretende ultrapassar o Romantismo através das figuras de Zaratustra e do super-homem, de alguém que defende a vida como expressão da vontade de potência, a alegria de viver e de se afirmar. A vida defendida por Nietzsche não é a vida biopolítica nem é a mera utilidade estoico-romana. É uma vida feroz que se afirma, se impõe sobre o espaço, para a qual há algo de agressivo na positividade de sua existência, ela incomoda os niilistas e ressentidos: aqueles que invejam os que afirmam a vida e sua força e, como contragolpe, estabeleceram uma moral do sofrimento, dos fracos e da culpa, a nossa moral. Nesta filosofia, a depressão seria expressão da fraqueza e da moral do ressentimento.
Freud defende que a vida humana é um contínuo conflito entre as pulsões de vida e as pulsões de morte, de modo que a morte participa da vida, ela não lhe é exterior (FREUD, 1915, 1920). Quando ocorre uma desfusão das pulsões, aí sim teríamos o que poderíamos chamar de uma mortificação da vida, ou seja, uma vida que não experimenta o conflito como condição existencial, apenas afirma um eu imutável e, ao mesmo tempo, sofre um ataque violento e destrutivo, mortífero, do supereu contra o eu. A depressão é descrita através desta desfusão (id., 1923). O eu, enrijecido, se torna ele mesmo uma figura morta em vida.
Nem Nietzsche nem Freud, portanto, cultuam a depressão e o suicídio, como fizeram os românticos. Nem por isso um ou outro defendem uma prevenção e um controle da depressão e do suicídio; nem um nem outro abraça a perspectiva biopolítica da gestão de corpos. A positivação da afirmação da vontade de potência em um e do erotismo pulsional e desejante no outro indicam outra posição. Atenho-me a Freud aqui, e à psicanálise: na perspectiva psicanalítica o que dá sentido à vida é a possibilidade de um sujeito exercer seu erotismo através da sustentação do desejo, mas não há previsibilidade no campo do desejo e da dinâmica psíquica dos sujeitos, não somos meramente repetição do mesmo: ao contrário, a repetição do mesmo, a compulsão à repetição, é, para Freud, efeito da preponderância das pulsões de morte sobre o erotismo (id., 1920). É a morte em vida. O deprimido repete compulsivamente sua condição. Oferecer e operar um campo de previsibilidade, de pura repetição de um mesmo próprio do controle social em nome da produtividade, de uma vida tornada biológica e quase só isso, não é ir contra o quadro depressivo, mas - ao contrário - é oferecer algo não muito diferente da morte em vida que o deprimido experimenta.
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Antonin Artaud, 1926 |
O desejo, por outro lado, define Lacan, é sempre desejo de outra coisa, ele é metonímico (LACAN, 1957-58). Ele se expressa no movimento, na deriva do sujeito através de uma cadeia associativa de significantes. Não há objeto do desejo no sentido de um ponto de chegada do movimento, de descanso, de imobilidade final; há objeto como causa do desejo, que se movimenta para Outro lugar (LACAN, 1962-63).
O desafio, portanto, clínico, na lida com depressões e com a preocupação que todos compartilhamos a respeito do tema do suicídio, incide noutro ponto diferente das redes físicas e morais de impedimento do ato. Incide na experiência do desejo. O suicídio, como destruição desta existência, em casos de depressão, parece vir como passagem ao ato de algo que se estabeleceu: a morte simbólica do sujeito desejante (o que se relaciona auspiciosamente com a noção durkheimiana de anomia). É, por exemplo, assim que Lacan interpretou a passagem ao ato da 'Jovem homossexual' tratada por Freud, a tentativa de suicídio que levou a família da moça a procurar o psicanalista vienense para tratá-la (FREUD, 1920; LACAN, 1962-63). A aposta psicanalítica é a de reconhecer no paciente um sujeito que fala e que, ao falar, encontrar-se com seu erotismo e com um desejo que dê sentido à sua vida, mesmo que seja um desejo levado ao limite mesmo de não preservar o organismo, mas de, ao se afirmar, pôr a vida biológica em segundo plano, como é o caso da personagem sofocliana de Antígona, caso paradigmático para Lacan sustentar a ética da psicanálise como ética do desejo (LACAN, 1959-60).
É esse desejo, interpretando Freud, o que não acontece quando temos uma desfusão pulsional. A desfusão pulsional marca uma imobilidade do eu que, ao recusar a morte como parte da vida, a perda como marca da existência humana, não faz outra coisa senão se lançar na melancolia, na interrupção do trabalho de luto. O efeito disso é que a violência destrutiva retorna, porém não mais como parte da vida e sim como uma morte em vida: é o que Freud quer dizer quando, poeticamente, escreve que "a sombra do objeto (perdido) recai sobre o eu" (FREUD, 1917). O desejo é efeito de um trabalho de luto contínuo sobre a suposta primeira experiência de satisfação perdida, é a tentativa de reencontrar o objeto desta satisfação mítica. Tentativa sempre malsucedida, o que nos lança adiante, na vida, no viver. Como marca de uma falta, de uma perda de satisfação e, ao mesmo tempo, como busca de um gozo a mais, o desejo está condicionado à fusão pulsional. Quando Freud aposta, em Análise terminável e interminável (1937), que a direção do tratamento é aquela em que o eu, ao invés de enrijecido, ganha força através de sua contínua remodelação por influência do isso ou do mundo externo, ele está apostando na fusão pulsional como cura. Ele aposta, então, na inscrição, no eu, da transitoriedade (FREUD, 1916), da finitude em oposição à tendência sintética que leva à imobilidade: ora, entendo que pode-se ler esta formulação também como aposta no desejo.
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Donald Winnicott e uma criança brincando em seu consultório, década de 1960 |
É a afirmação de si através da posição desejante o que nos impede de cair em depressão ou em nos adequarmos ao controle normativo biopolítico, preventivo e ao imperativo de produtividade. A pura adequação às normas parece refletir mais aquilo que Donald Winnicott chamou de falso self que um tratamento da depressão (1960). Lembro o leitor que o falso self é um quadro de mera adequação às expectativas exteriores por parte de alguém que não encontra valor nem confiança na própria espontaneidade, na criatividade própria do brincar - ou seja, se não é fenomenologicamente um deprimido, está dinâmica e economicamente muito próximo dele e costuma procurar análise exatamente ao não encontrar nenhum sentido em sua existência.
Controlar a vida do outro, mesmo com 'boas intenções', não impede a morte em vida, não impede o falso self. Tratar, do ponto de vista psicanalítico, é reconhecer em quem fala um sujeito desejante, com potência erótica para afirmar sua existência.
Precisamos falar mais sobre o suicídio no Brasil. É falando e escrevendo que poderemos elaborar um problema que nos atinge: o silêncio público sobre o assunto. Os psicanalistas sabem que o silêncio é aliado da atuação e da passagem ao ato. Porque não conversamos sobre o assunto? Acredito que uma das razões é a costumeira reação imediata que toma o assunto como insuportável, contaminada por séculos de moral cristã, de gestão biopolítica das condutas e do mito do Brasil como país da alegria, ora silenciando o sofredor, ora mudando de assunto para algo mais agradável.
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