Dos 12 macacos aos 12 apóstolos
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Cartaz de Os 12 macacos (Terry GILLIAM, 1996) |
De certo modo, estes temas já haviam sido explorados no primeiro filme da trilogia distópica do cineasta americano, ex-integrante do grupo de humor inglês Monty Python. Brazil, o filme (Terry GILLIAM, 1985), com Jonathan Pryce, Ian Holm e Robert de Niro, carrega tal nome de forma um tanto misteriosa: nunca se diz no filme onde se passa a história, mas os nomes dos personagens são de língua inglesa; Aquarela do Brasil (Ary BARROSO, 1939) toca nos sonhos de liberdade do protagonista, de modo que Brazil parece indicar o recorrente sonho europeu de liberdade tropical, onde a alegria e a harmonia prevalecem à moral, ao controle e à violência (sonho registrado por Pero Vaz de Caminha [1500], realimentado por Jean-Jacques Rouseau [1755] e atuado por Ronald Biggs); mas não devemos esquecer também que a realidade apresentada no filme é a de uma ditadura totalitária, assassina, opressora e burocratizada, o que não deixa de parecer um retrato expressionista do Brasil de 1964 até justamente aquele ano de 1985, no qual, enquanto o filme estava sendo lançado, a ditadura estava deixando o palco. Brazil, o filme, assim, é um título ambivalente, que remete ao sonho e à realidade do Brasil. O curioso é que se o segundo filme da trilogia, Os 12 macacos, tema do meu texto de hoje, tivesse sido feito em 2022, talvez pudesse ser chamado de "Brazil, o filme 2" - é o que pretendo mostrar abaixo.
Os 12 macacos, protagonizado pelo recém-aposentado Bruce Willis e estrelado também por Madeleine Stowe e Brad Pitt, conta a história de um futuro no qual mais da metade da população da Terra morreu devido à pandemia de um vírus que se transmite pelo ar. O resto da população passou a viver no subterrâneo com medo de se contaminar com a atmosfera cheia daquele vírus letal. Nesse futuro construiu-se uma máquina de viagem no tempo e, através dela, um condenado pela sociedade totalitária em que vive, chamado de 'voluntário', é mandado ao passado para colher informações sobre a origem desta pandemia e sobre como evitá-la. Nos anos 90, tempo em que o 'voluntário' cai, ninguém acredita em seu discurso, ele é considerado um psicótico perigoso e acaba internado num hospício. Isso é só o começo do filme, muita coisa acontece a partir daí, mas o leitor já se situou o suficiente, com estas informações, a respeito do que quero falar.
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Cartaz de Brazil, o filme (Terry GILLIAM, 1985) |
Gilliam, nos filmes desta trilogia - e também antes, em seu trabalho com o grupo de humor Monty Python -, dentre outras discussões, dá um destaque especial à articulação entre capitalismo e totalitarismo. Costuma-se dizer por aí que o capitalismo antagoniza com o totalitarismo, que ele é a condição da democracia e, aliás, de certo modo, o discurso neoliberal que ganhou força nos anos 90 tentava justamente sustentar este argumento, por exemplo, através da vitória da técnica e do saber sobre a política - como se não houvesse política na técnica e no saber! Cabe inclusive aqui o registro da má leitura que se faz de Hannah Arendt (1959) relacionando totalitarismo e socialismo; Arendt acusa o stalinismo de ser totalitário, não o socialismo, e ela vai além: acusa a sociedade supostamente democrática e capitalista posterior aos totalitarismos nazista e stalinista de abraçar técnicas totalitárias, especialmente na prática da propaganda.
Feito este comentário, voltemos ao meu argumento.
Quantas vezes, naquela década de 90, não se tentou calar discussões políticas com economês ou algum outro especialismo científico? Foi através de um certo uso da ciência como verdade indiscutível, neopositivista, que, naquela década, o neoliberalismo tentou se impor como ideologia disfarçada de realidade inquestionável - e, por isso mesmo, já mostrou ali sua tendência totalitária, que recusa o contraditório. Gilliam percebeu isso e acusou este casamento entre neoliberalismo e totalitarismo através dos ouropéis científicos de modo bastante interessante em Os 12 macacos: o futuro totalitário é regido por cientistas de jaleco que querem saber sobre as origens da doença para vencê-la e salvar a humanidade...porém, tal doença foi fabricada em laboratório por um cientista para destruir esta humanidade. Além disso, os psiquiatras e neurocientistas dos anos 90, no filme, estão cheios de certezas que os permitem distinguir com clareza o que é loucura e o que é realidade; com este suposto saber se ocupam totalitariamente de incluir ou excluir da sociedade determinadas categorias de humanos. Aliás, Gilliam retrata propositadamente como idênticas as técnicas utilizadas no futuro com os condenados 'voluntários' e nos anos 90 com os loucos: aprisionamento, lavagem humilhante do corpo nu com um esfregão, brutamontes conduzindo agressivamente o oprimido...
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Cena em que o 'voluntário' é desacreditado por uma junta de psiquiatras dos anos 90, em Os 12 macacos (Terry GILLIAM, 1996) |
Mas onde está o capitalismo com suas vestes neoliberais nesta história? Até agora só falei das relações entre ciência e totalitarismo. Ele aparece de modo mais ou menos sutil. Em primeiro lugar, no futuro, quando o protagonista sai à superfície para explorá-la, encontra uma cidade abandonada, cheia de objetos de consumo, mercadorias largadas, quebradas, desgastadas pelo tempo - os humanos morreram, mas os objetos de consumo sobreviveram a eles. Eis uma boa metáfora do neoliberalismo, no qual o sujeito se crê gestor de si em nome de acumular capital para gozar daquelas mercadorias quase sagradas que encontra na publicidade - ele se permite tudo, dietas, malhação compulsiva, estudo incessante, psicoterapias de aprimoramento, estratégias sociais, se esfola para ter...mas ele é mortal, se esvai e as coisas ficam como objetos inalcançáveis. Alguém poderia objetar que muitas vezes os objetos são de fato comprados, usados, consumidos - mas todos sabemos bem que o objeto na cultura neoliberal perde sua aura assim que é consumido para a compulsão por adquirir objetos se voltar, por pressão da moda, a outros objetos ainda não possuídos, agora revestidos de aura pela propaganda.
A relação entre capitalismo, totalitarismo e ciência reaparece na boca de um louco - tal como na Idade Média e ainda em Shakespeare, em Gilliam o louco é quem diz a verdade. O personagem de Brad Pitt diz, com todas as letras, no hospício, que quem não quer somente comprar, comprar, comprar é considerado louco pela sociedade e acaba internado ali, como ele. Porém, é no final do filme que Gilliam articula de modo mais assustador a relação entre totalitarismo, ciência e capitalismo neoliberal. Após ter começado seu genocídio macabro espalhando o vírus assassino pelo mundo, de modo ainda secreto, o cientista entra num avião (que aliás vai para o Rio de Janeiro!) e senta-se ao lado de uma personagem que conhecemos até agora somente na versão do futuro, e não quem ela era nos anos 90. No futuro ela é um dos cientistas que governa de modo totalitário o que sobrou da humanidade após a pandemia; e agora ficamos sabendo quem ela era no passado: ela era uma importante representante da indústria de seguros de vida. Ela simpatiza com o cientista e a conversa entre eles gira, de modo perverso, em torno do tema da morte de milhões de humanos - como se se pudesse extrair algum lucro, algum gozo desta situação...fica subentendido.
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Cena em que o cientista genocida e a empresária da companhia de seguros conversam no avião sobre o extermínio de humanos, de Os 12 macacos (Terry GILLIAM, 1996) |
Pois bem, cortemos para nossa realidade contemporânea de 2022. Também estamos passando por uma pandemia, também temos o crescimento de uma vontade totalitária em diversos lugares do mundo - com destaque para o Brasil, diga-se de passagem - e também estamos nauseados, como o personagem de Bruce Willis, com a dificuldade de saber se algo é realidade ou imaginação. Os 12 macacos poderia ser um "Brazil, o filme 2"; o Brasil de Bolsonaro é exemplar de uma realidade distópica onde se conjugam o pandêmico, o totalitário e as fake news que pululam de modo a não sabermos mais no que acreditar. Mas há diferenças.
Em primeiro lugar, no filme e no imaginário dos anos 90, a discussão fundamental era com a ciência ou melhor, com o cientificismo. A ciência impõe verdades de modo que aquilo que ela não pode incluir em suas explicações é considerado falso ou imaginação e aquele que perdura na sustentação de um discurso não-científico ou é um charlatão, ou é um ignorante ou é louco. Aliás, por conta de suas críticas à aliança entre ciência e totalitarismo (que data de modo veemente da Alemanha nazista), o filósofo italiano de esquerda, Giorgio Agamben, diante de nossa atual pandemia, por resistência política ao totalitarismo científico, se tornou, de modo equivocado - creio eu - antivac. A ele como a muita gente não se fez perceber a seguinte mudança: hoje, a aliança do neoliberalismo e do totalitarismo não é tanto com a ciência (não que ela tenha sido abandonada, mas ela é menos útil que o novo aliado), mas sim com a religião. Quase nada referente à religião aparece em Os 12 macacos, salvo a referência ao Natal como época de consumismo, ou seja, à derrota da religião para o capitalismo. Mas desde o final dos anos 70, passando certamente pelos anos 90, e de modo explícito hoje em dia, já agia a aliança entre neoliberalismo e religião, como bem mostra Melinda Cooper em Family Values (2005); não se trata de uma derrota, ao contrário, um se utiliza do outro para prosperar. Hoje, o totalitarismo neoliberal não está mais fortemente calcado no discurso da técnica eficaz e científica, mas sim no discurso da salvação e da prosperidade devido à graça divina. Numa realidade em que a força opressora é mais a religião que a ciência, quem antagoniza com o discurso dito verdadeiro não é considerado ignorante, charlatão ou louco; é bem mais comum ser considerado um tipo de herege, traidor ou inimigo. É nesse contexto em que se abraça ou não discursos delirantes e fake news. Como Freud dizia, o delírio se sustenta porque responde à satisfação de um desejo mais do que às exigências da realidade (FREUD, 1937) - ninguém gosta de ter seus desejos frustrados. E Freud também via, diga-se de passagem, a religião como uma espécie de delírio coletivo.
Em segundo lugar, mas por conta do que foi dito no parágrafo anterior, o totalitarismo, porque se afastou da ciência, da administração da vida através da técnica e da eficácia, pôde mostrar seu aspecto mais assassino de maneira indisfarçada, apresentando-se como antivac, anti-ciência, anti-saúde, anti-cuidado com os necessitados, anti-intelectuais. "Contra tudo isso que está aí", leia-se: contra um sistema coletivo de cuidados e proteções a partir de técnicas científicas e racionais. Por isso, hoje, os totalitários, e não os críticos do totalitarismo como Gilliam, é que sustentam o discurso fantástico de que o COVID-19 foi inventado em laboratório e espalhado por cientistas chineses. Ao mesmo tempo, sem preocupações com coerência - pois abandonou-se o discurso científico - dizem também que o vírus não é letal, que a vacina sim (invenção da ciência) é que é assassina, e que todas estas preocupações com a saúde atrapalham a economia, atrapalham o consumo e a roda viva do mercado, que devem ser salvos de qualquer jeito: antes a bolsa que a vida! O neoliberalismo hoje é apoiado mais pela religião, mostrando seu lado irracional, do que pela ciência. E assim, novamente, após anos e anos sendo tratado como um texto obsoleto de Freud, O futuro de uma ilusão (FREUD, 1927) volta a revelar um material combativo importante, relançando a ciência no campo progressista, como instrumento crítico, sempre fragmentário, nunca totalitário, em oposição ao tudo responder da religião e da ideologia de mercado chamada neoliberalismo.
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Cena do tratamento de higienização do 'voluntário' no futuro, idêntica à limpeza dos loucos em 1990, em Os 12 macacos (Terry GILLIAM, 1996) |
Mas o filme traz ainda uma outra discussão atual, a ecológica. O exército dos 12 macacos que dá nome ao filme é, na verdade, uma organização de agitadores anarquistas incomodados com a exploração dos animais por parte dos humanos, especialmente pelos cientistas. Eles nada tem a ver com o vírus letal, apenas querem soltar os animais das prisões em que os humanos os colocaram; eles são contra a arrogante e sádica maneira como os humanos tratam outros animais. Este aspecto ecológico, pós-humano, é um assunto bastante atual, todavia, se o filme fosse feito hoje, creio que seria preciso montar um enredo em que totalitarismo e religião estariam unidos e o vilão não seria tanto a ciência, de modo que o título "Os 12 apóstolos" talvez fosse mais interessante! Poderia ainda haver, quem sabe, um exército dos 12 macacos, mas para libertar os humanos da dominação dos 12 apóstolos e nos deixar abandonar a vida segundo a Lei de Deus para sermos simplesmente macacos, não macacos de laboratório, cobaias da ciência (como vemos no filme), mas sim os macacos sem pêlo chamados homo sapiens, bichos, animais que os humanos insistem em esquecer que são, seja através da conversa fiada proferida pela religião de sermos privilegiados filhos de Deus, seja através de um culto à razão científica que nos colocaria hierarquicamente acima do resto da fauna do planeta - e a própria tentativa de separar de modo absoluto a natureza da cultura atende a este olhar narcísico dos humanos sobre si. Enquanto for assim, há o risco do totalitarismo e da destruição dos humanos e do planeta por parte dos próprios humanos, como aparece no filme de Gilliam, pois os humanos desenvolveram o hábito de se verem como figuras à parte que julgam, deliberam, que querem governar ou, se o gozo não puder ser alcançado assim, que gozam pela simples destruição do objeto de interesse. Nietzsche e Freud mostraram muito bem como a pulsão de dominação é derivada do sadismo (NIETZSCHE, 1886; FREUD, 1905); há sempre um gozo sádico em qualquer tratamento que visa dominar o objeto.
Freud nunca tomou o humano como um ser completamente diferente do animal, há diversas passagens - muitas vezes pouco valorizadas - de sua obra que apontam para isso. Caberia relê-lo sob este prisma: o humano é um animal, não idêntico aos outros, mas não melhor. Selecionei três pontos da obra de Freud que desidealizam o humano, aproximando-o da natureza, da animalidade: 1) a trieb, traduzida por pulsão, não é exclusiva do humano para Freud, isso é argumentado de modo não tão evidente nos Três ensaios sobre a sexualidade de 1905 quando se reconhece as pulsões de autoconservação como o que impele à continuidade da existência, à sobrevivência do corpo (e não somente à conservação subjetiva, como se costuma lê-lo); é certamente mais explícito em Além do princípio do prazer (1920), onde se aposta que todos os seres vivos teriam pulsões de vida e de morte. O que nos move é pura pressão por descarga, nada mais, como, aliás, é o que move outras criaturas também. 2) Freud constantemente utiliza do argumento da filogênese. Para ele, um indivíduo de uma espécie é capaz de receber a herança das experiências de indivíduos antepassados através de seu próprio corpo, de modo que, para Freud, a experiência cultural é também quasi-biológica, dando continuidade a uma tendência de pensamento que se encontra em Goethe e Nietzsche; para esta tendência, a cultura é um modo, dentre outros, de desenvolvimento da natureza, não algo que se difere qualitativamente dela; e a natureza não é definida por ter leis constantes, mas pela brutal diversidade que se dá através de continuidades e descontinuidades as quais, em Freud, podem ser situadas exatamente na transmissão filogenética, por exemplo, de fantasias. 3) Em Mal-estar na civilização (FREUD, 1930) aparece o conceito de recalcamento orgânico. Novamente, a experiência animal dos nossos antepassados humanos de sair da floresta e viverem em planícies, onde encontraram utilidade em se postarem eretos (que os possibilitou ver à longa distância, se protegendo dos predadores e ganhando vantagens na caça) lhes causou um recalcamento (fenômeno em geral tomado como cultural) do olfato; por isso mesmo, deixaram de buscar sexo única e exclusivamente quando sentiam o cheiro da fêmea no cio - como é o caso dos outros mamíferos; agora, como se orientavam preferencialmente pela visão, se excitavam já com a mera imagem do objeto sexual, o que conferiria, aliás, à pulsão sexual humana seu caráter de excitação constante, pois estamos sempre em contato visual com potenciais objetos sexuais. Foi o racismo e seu ponto de culminância, o nazismo, com sua perversa associação entre natureza e cultura para categorizar alguns como mais humanos que outros o que levou aos intelectuais progressistas do meio do século XX para cá a rejeitarem qualquer relação entre os dois campos e, assim, desprezarem as tentativas de Goethe, Nietzsche e Freud de desidealizar o humano, entendendo-o como apenas um animal com suas particularidades - a cultura sendo uma delas. Um efeito indesejado desta operação de boas intenções foi a supervalorização do humano como ser superior aos outros seres sem cultura, o que reiterou a concepção novecentista do humano como senhor e dominador da Terra.
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Elefantes do zoológico soltos na cidade pelo exército dos 12 macacos, cena de Os 12 macacos (Terry GILLIAM, 1996) |
A discussão trazida pelo exército dos 12 macacos, pelos ecologistas de hoje e pelas preocupações gerais de todos nós com um mundo totalmente dominado pelo capitalismo neoliberal, no qual a natureza é objeto de consumo, de destruição, em nome do gozo/lucro (inclusive a natureza humana), em que as pandemias se tornaram um perigo real, pode encontrar apoio num discurso psicanalítico que recupere a desidealização do humano, na esteira de Nietzsche (que antevia a chegada do super-homem, ou seja, aquele que supera o homem [1888]) e Foucault (e sua expectativa pela morte do homem [1966]) mas fundamentalmente na releitura de Freud como um crítico das tentativas de reconhecer no ser humano algo além de um animal como os outros; talvez, para Freud, além do que ele chamou de progresso em espiritualidade (FREUD, 1938), outra particularidade do humano seria sua capacidade destrutiva enorme (FREUD, 1933)!
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Terry Gilliam |
A máquina destrutiva humana não é um efeito da ciência; para Freud, ela é mais basal, pulsional. Hoje ela se sustenta e se justifica menos na ciência - como tentou o racismo e o nazismo e suas pseudociências, em particular a eugenia - do que no delírio religioso-capitalista de que alguns serão salvos, protegidos, enquanto outros punidos ou sacrificados de acordo com a vontade de Deus e do Mercado, de acordo com o que Eles querem que vivamos, seja para gozarmos, seja para sermos objeto de Seus gozos, aqui e agora.
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